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Leucemia é o câncer infantil mais frequente

A doença afeta os glóbulos brancos do sangue, tem evolução rápida e pode se manifestar com sintomas parecidos com os de quadros comuns em crianças, como dor de perna e febre. Sendo o tipo de câncer infantil mais frequente.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer, anualmente ocorrem 8,4 mil casos de câncer infantil no Brasil, entre os quais o mais comum é a leucemia, uma doença que acomete os glóbulos brancos do sangue, responsáveis por defender o organismo. Essas células são produzidas normalmente pela medula óssea, a fábrica do sangue, que fica no interior dos ossos, mas, na doença, elas apresentam um defeito no momento de diferenciação e passam a se multiplicar de modo desordenado e rápido, tomando o lugar das células sanguíneas saudáveis. Em crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, as principais células de defesa implicadas nesses casos são as linfóides, ainda imaturas, de modo que a leucemia evolui com bastante velocidade, manifestando rapidamente anemia e suas complicações – cansaço, palidez, falta de ânimo para brincar e dificuldade para aprender – febre recorrente, dor nos ossos e nas juntas e manchas roxas pelo corpo, entre outros sintomas.

Queixas comuns a outros quadros

Na população infantil, algumas das principais manifestações da leucemia podem ser confundidas com as de outros quadros bem comuns na infância. Por isso, há necessidade de conhecer bem as diferenças entre o que é corriqueiro e o que pode denunciar um indício de problema na medula óssea. Crianças até 10 anos, por exemplo, costumam ter o que se chama de dor de crescimento, uma condição benigna, que costuma incomodar à noite e de madrugada, em períodos intercalados, mas que passa com massagem ou com uso de bolsa de água quente nos locais afetados – nas coxas, na região posterior dos joelhos e nas panturrilhas. Na leucemia, ao contrário, a dor de perna decorre principalmente da infiltração das articulações por células malignas, sendo, portanto, intensa e só melhorando com analgésico. Outros sinais que merecem atenção nesse contexto são os hematomas. Sobretudo em crianças pequenas, que brincam e se machucam, o surgimento de manchas roxas aqui e ali podem ocorrer com frequência, muitas vezes sem que os pais as percebam ou mesmo as associem imediatamente a uma queda ou trauma. Na leucemia, contudo, essas lesões aparecem espontaneamente ou de forma extensa e desproporcional ao trauma, como resultado da baixa produção de plaquetas. Muito incidente nas crianças, as viroses se manifestam com febre repentina. Quem é mãe ou pais conhece bem a história. A criança de repente “murcha” e, quando a gente chega perto, percebe que a temperatura corporal aumentou. Esses quadros não raros se acompanham de coriza e tosse, mas são autolimitados, durando de cinco a sete dias, e costumam cessar sem tratamento específico, apenas com o uso de medicamentos sintomáticos, como antitérmicos. Já a febre da leucemia é recorrente e inexplicável – não há sintomas de quadros virais quando a doença desponta.

Exames confirmatórios

Ainda que esses sintomas não sejam imediatamente percebidos pelos pais, a persistência do conjunto acaba chamando a atenção e leva a família a procurar o pediatra. As manifestações clínicas, somadas ao resultado do hemograma, levantam a suspeita, que é confirmada por um exame da medula óssea, o mielograma. Após fechado o diagnóstico, o médico costuma pedir outros exames para definir as medidas terapêuticas, com destaque para a imunofenotipagem, que estuda as características das células doentes, a ultrassonografia do baço, para avaliar as condições desse órgão, que costuma aumentar na doença, e a análise do líquor – fluido que preenche as meninges, membranas que envolvem o cérebro – para saber se há células malignas no sistema nervoso central.

Quimioterapia

Na maioria dos casos, o tratamento da leucemia infantil requer quimioterapia com mais de um agente antineoplásico, sempre com a preocupação de equilibrar a maior sobrevida com menos efeitos colaterais tardios. Recomenda-se que os medicamentos sejam aplicados por via intratecal, ou seja, diretamente no líquor, a fim de combater qualquer célula maligna que possa ter se espalhado no sistema nervoso ou na medula espinhal. O transplante de medula óssea fica reservado apenas aos pacientes de alto risco e aos que ainda apresentem doença residual após duas das três fases do tratamento. Tudo isso leva tempo, demanda muita dedicação por parte da família e ainda envolve o trabalho de uma equipe multidisciplinar para a plena recuperação da criança. Mas vale muito a pena. Hoje os especialistas estimam que 90% dos pacientes pediátricos com leucemia que realizam o tratamento adequado atingem a remissão, isto é, aquele ponto mágico em Oncologia em que não há mais nenhuma célula maligna no indivíduo.

Como impedir que a criança tenha leucemia?

Não existe nenhuma estratégia para evitar a leucemia infantil, uma vez que não se conhece a causa do defeito que leva à formação de células malignas. Assim, é importante que os pais estejam atentos especialmente aos sintomas que são comuns aos de outros quadros. Ademais, a criança precisa ser acompanhada pelo pediatra após a primeira infância, devendo ser levada para consulta a cada semestre, entre 2 a 4 anos de idade, e anualmente, dos 5 aos 19 anos. Nessas oportunidades, o médico pode detectar sinais ainda pouco flagrantes da doença, como baço aumentado e gânglios proeminentes nas axilas, pescoço e virilhas, ou flagrar alterações na contagem de células sanguíneas no hemograma, exame que faz parte da avaliação pediátrica de rotina.

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