DaVita Saúde

Meu Filho Não Quer Comer. O Que Faço?

Se as sociedades médicas, por um lado, estão preocupadas com as taxas crescentes de obesidade, por outro, muitos pediatras são confrontados com um relato comum nas consultas de acompanhamento: “Meu filho não come, doutor, não come nada”. A hora da refeição, que deveria ser um momento feliz e prazeroso para a família, vira um campo de batalha.

Mas essa queixa não deveria tirar (tanto) o sono dos pais – em especial da mãe, que tem uma necessidade intrínseca de alimentar a criança porque o fez desde o nascimento do bebê, por meio da amamentação. Isso porque, de acordo com os especialistas, a demanda de energia dos pequenos realmente muda conforme o tempo passa.

No primeiro ano de vida, o bebê come bastante porque se desenvolve muito rapidamente. Aos 5 meses de idade, o peso, em geral, é o dobro daquele registrado ao nascimento e, entre 11 e 12 meses, o triplo. No segundo ano de vida, o crescimento continua acelerado, mas vai perdendo velocidade até alcançar um ritmo mais lento, dos 3 aos 10 anos. O apetite, portanto, acompanha essa necessidade do organismo.

Alimentação para crianças: qualidade vs. quantidade

Assim, se seu filho não come nada – os pediatras dizem que alguma coisa sempre comem, sejam as mamadeiras, sejam os petiscos – e continua crescendo de forma adequada, esse comportamento não deve preocupar, relaxe. Continue insistindo naturalmente, levando em conta que aos pais cabe determinar a qualidade, ou seja, o que os pequenos vão comer e quando, mas a quantidade, quem decide, é a criança. Quando cresce, faz birra, protesta e fica agitada se for obrigada a comer.

Evidentemente, uns dias serão melhores, outros piores, conforme o cardápio e o paladar da criança. Não adianta cair na tentação de fazer rotineiramente só o que eles aceitam porque essa tática, além de cansativa, cria uma fobia por tudo quanto seja novo e ainda reduz a qualidade da dieta. Ora, uma alimentação pouco variada pode ocasionar deficiência de nutrientes necessários.

Dessa forma, as principais refeições devem ser compostas por comidinhas que contenham todos os grupos de alimentos, ou seja, carboidratos, leguminosas, proteínas, folhas, raízes e frutas – que, vale assinalar, permitem uma ampla variação de cardápio ao longo da semana. Se os pequenos comerem apenas uma colherada de cada preparação, pode acreditar, o dia estará ganho. Veja aqui outras dicas e, na dúvida sobre a origem da falta de apetite da criança, converse com o pediatra.

 

Alimentação dos pequenos: como construir uma boa relação com a comida

- A partir dos 6 meses, coloque a criança para fazer as principais (ou possíveis) refeições com os demais membros da família. O ideal é que os intervalos entre uma e outra sejam de três a quatro horas.

- Adapte o assento dos pequenos à mesa de jantar, de forma que fiquem limitados a esse espaço – pode ser o cadeirão, se ainda for bebê.

- Desligue os eletrônicos de modo geral. Uma sopa de feijão não consegue competir com um personagem que responde a estímulos no tablet.

- Ofereça à criança a mesma preparação que a família está comendo e deixe-a por conta própria.

- Experimente dispor pedaços da comida ao alcance do bebê – se ele põe tudo na boca, por que não vai fazê-lo com os alimentos?

- Para os que já comem com talheres, sirva porções pequenas, do tamanho do punho da criança.

- Insista na oferta de novos alimentos. Os especialistas recomendam apresentar as novidades repetidamente à criança, de 10 a 15 vezes, antes de desistir.

- Não prolongue a refeição por mais de meia hora e aguente firme a bagunça. Será por uma ótima causa.

 

 

A Organização Mundial de Saúde recomenda a amamentação exclusiva
até os 6 meses de idade.

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18/10/2021
Criança

Dislexia: Salada de Letras

Transtorno de aprendizagem hereditário, a dislexia precisa ser identificada e tratada precocemente para evitar prejuízos à plena formação da criança.   Dislexia: Salada de Letras O que personalidades de áreas diferentes como o piloto de fórmula 1 Lewis Hamilton, o cofundador da Apple, Steve Jobs, o ator Tom Cruise, o chef Jamie Oliver, a atriz Jennifer Aniston e o ator, dramaturgo e escritor Pedro Cardoso têm em comum? Todos sofreram com algum grau de dislexia, um transtorno de aprendizagem caracterizado pela dificuldade de aprender e realizar a leitura e a escrita, que afeta até 17% da população mundial, segundo a Associação Internacional de Dislexia.  Causado por uma alteração cromossômica, transmitida de forma hereditária numa mesma família, o problema incide mais em meninos que em meninas e não tem nada a ver com atraso mental ou baixa inteligência – pelo contrário, trata-se de pessoas extremamente criativas. Em geral, é suspeitado justamente na idade escolar, quando a criança demora a decolar na alfabetização (veja os demais sintomas no boxe), mas acontece de os casos serem flagrados entre adolescentes e até em adultos. Na prática, o cérebro do portador desse distúrbio não consegue associar adequadamente os sons às letras, comprometendo o encadeamento das sílabas e a formação das palavras, tampouco faz a necessária correspondência entre os conceitos e símbolos matemáticos e seu significado. Dessa maneira, a criança acaba restringindo sua experiência de leitura, o que interfere na ampliação do vocabulário e na obtenção de novos conhecimentos.    Reconhecimento Evidentemente, é preciso excluir outras condições de saúde antes de confirmar a hipótese de dislexia, a exemplo de deficiências visuais, como erros de refração, algum grau de perda auditiva, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, escolarização insuficiente, condições neurológicas e problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam comprometer a aprendizagem. Por tudo isso, um possível caso de dislexia requer a avaliação de uma equipe multidisciplinar, composta de pediatria, neurologista, psiquiatra, terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo e psicopedagogo. Quanto mais cedo a condição for reconhecida, mais precocemente o tratamento pode ser iniciado para assegurar que a criança tenha um bom aprendizado e, assim, consiga apresentar um desenvolvimento adequado nos estudos e na vida profissional, reduzindo as chances de haver impactos no seu equilíbrio emocional.      Suporte especializado Não existe prevenção, tampouco remédios para dislexia. O tratamento exige acompanhamento fonoaudiológico e psicológico, com exercícios para superar as dificuldades de codificar e decodificar os símbolos gráficos e outros empecilhos da rotina de aprendizagem. A psicoterapia tem igualmente um papel fundamental para trabalhar a autoestima da criança.  Além disso, vale investir em facilidades hoje oferecidas pela tecnologia. Entre elas, há, por exemplo, videogames para treinar as habilidades de leitura e escrita de forma lúdica e livros para escutar (audiobooks), que permitem a associação entre sons e palavras. Em paralelo, os especialistas recomendam que esse grupo de crianças tenha sua já marcada criatividade estimulada por artes, música e esportes. A abordagem da dislexia é um processo longo, que exige persistência de pais e educadores, mas dá bons resultados. Comece tendo uma conversa com o pediatra. Marque agora uma consulta com a equipe de Pediatria da DaVita.   Boxe Sintomas clássicos da dislexia na infância  Dificuldade na aquisição e na automatização da leitura e escrita Baixa compreensão do conteúdo de uma leitura Dificuldade para identificar fonemas e fazer sua associação com as letras Troca, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas à escrita Dificuldade para estudar e copiar a lição de livros e da lousa Dificuldade para memorizar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos Dificuldade para aprender rimas e canções Dispersão e falta de atenção Desinteresse por livros e outros materiais que contenham texto Falta de coordenação motora Desorganização temporal e espacial

27/09/2021
Saúde da Mulher

Fisiatria: Tudo pela reabilitação

Em parceria com uma equipe multidisciplinar, o médico fisiatra trabalha para mitigar as repercussões de doenças agudas ou crônicas nas atividades diárias do paciente.  Fisiatria: Tudo pela reabilitação   Imagine que você teve um problema sério no ombro, por exemplo, uma ruptura nos músculos que recobrem a cabeça do úmero e permitem que façamos rotações diversas com os braços. O tratamento reparador para essa condição é cirúrgico, porém, de acordo com as condições de cada indivíduo, caso a opção seja o tratamento conservador,  o  Fisiatra fará o planejamento e condução do tratamento, visando reintegrar o paciente social e funcionalmente, sendo então, o médico clínico responsável pela reabilitação dos pacientes após quaisquer doenças que possam causar incapacidades temporárias ou permanentes. O fisiatra trata de patologias ortopédicas como a citada no ombro, problemas  de coluna e extremidades por desgaste natural, e sequelas por lesões mais severas como acidente vascular cerebral, paralisia cerebral e lesão na medula espinhal, entre outras, causando incapacidades permanentes. Diante desses desafios clínicos, o fisiatra tem um importante papel no sentido de buscar uma forma de reabilitação para que a pessoa possa conviver com as sequelas  buscando desenvolver suas capacidades com menor impacto funcional e social possível. Portanto, além de complementar o tratamento-padrão de muitas doenças, esse especialista pode indicar, nessas situações clínicas, o uso de órteses para melhor posicionamento dos membros; próteses para substituir membros amputados, e  recursos auxiliares de locomoção, como muletas, bengalas e cadeiras de rodas – que, afinal, exigem um período de adaptação.  O médico fisiatra também executa procedimentos para amenizar dores crônicas de diferentes naturezas e reduzir a rigidez de músculos. Habitualmente  trabalha em conjunto com outros profissionais (equipe multidisciplinar) para buscar o bem-estar dos pacientes:  fisioterapeutas, quiropraxistas, fonoaudiólogos , terapeutas ocupacionais, psicólogos, psicopedagogos , nutricionistas, dentre outros.   Pós-Covid-19   Se, num passado próximo, a atuação da Fisiatria estava associada a consequências de doenças neurológicas e lesões no sistema musculoesquelético, a pandemia de Covid-19 vem trazendo para essa especialidade médica uma nova categoria de pacientes.  Entre eles, há pessoas de diferentes idades que passaram por internação prolongada em UTI e mesmo em enfermaria, que precisam ganhar massa muscular, reaprender a andar ou fazer suas atividades de rotina sem depender de terceiros e se recuperar emocionalmente, após tantas perdas. Nesses casos, o fisiatra traça um plano de tratamento o qual muitas vezes já começa no próprio hospital, com o apoio de uma equipe multidisciplinar conforme já descrito.  Outro grupo de pacientes que requerem essa abordagem é formado por aquelas pessoas que, mesmo depois da resolução da infecção onde não houve necessidade de internação hospitalar, passaram a apresentar a chamada síndrome pós-Covid-19, ou Covid-19 prolongada, com sintomas que se arrastam de semanas a meses, a exemplo de fadiga extrema, falta de ar, fraqueza muscular, dor generalizada, alterações de memória e concentração, transtornos de humor e distúrbios do sono. Nessas  situações, como qualquer outro médico, o fisiatra precisa investigar a causa das queixas,  visto que, em indivíduos que tiveram Covid-19 pode haver sequelas importantes, envolvendo órgãos vitais, como cérebro, coração e pulmões. Fazer acompanhamento em conjunto com outros especialistas,  prescrever medicamentos pertinentes a sua área, e indicar sessões de exercícios, costumam ser a base do tratamento, buscando a melhora do cansaço, das dores, da falta de ar e de outros sintomas da síndrome. Se, contudo, os pacientes mais graves recebem este atendimento no hospital durante a internação, os que apresentam quadros leves e permanecem com sintomas prolongados nem sempre buscam esclarecimento – como as queixas são diversas, muitas vezes mal sabem que especialista procurar. O fisiatra tem a formação ideal para manejar tais casos e, acredite, ele é tão acessível quanto qualquer outro especialista que consultamos rotineiramente. A DaVita conta com uma equipe de Fisiatria pronta para ajudar você a se reabilitar após a Covid-19 ou em qualquer outra situação clínica que gere sintomas incapacitantes.    Marque agora mesmo sua consulta!

22/06/2021
Criança

A luta contra o câncer na infância

O câncer infantojuvenil compreende um grupo de doenças caracterizadas pela proliferação descontrolada de células anormais em qualquer parte do corpo. De acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil teve 8,4 mil novos casos desses cânceres na população entre 0 e 19 anos de idade em 2020, com destaque para leucemias e linfomas, que representam a maior parte dos casos. Diferentemente da maioria dos tumores em adultos, que estão mais relacionados a fatores de risco externos, como ocorre, por exemplo, com o de pulmão, muito associado ao tabagismo, e com o colorretal, bastante vinculado ao consumo excessivo de carne vermelha e embutidos e à falta de ingestão de fibras, o câncer que acomete crianças se origina das células embrionárias, desenvolvendo-se mais rapidamente e de modo mais agressivo. Por isso mesmo, inclusive, não há como prevenir seu surgimento. Por outro lado, as diferentes doenças agrupadas sob a denominação de câncer infantojuvenil (veja quadro) são altamente curáveis – em torno de 80% dos pacientes entram em remissão, segundo o Inca – quando diagnosticadas precocemente e tratadas de forma adequada em centros especializados, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. Mesmo porque, vale assinalar, a criança costuma responder bem ao tratamento, que, basicamente, inclui quimioterapia, radioterapia e, nos tumores sólidos, cirurgia. Quadro clínico pode confundir Com esse panorama, portanto, é fundamental ficar atento ao aparecimento dos sinais e sintomas iniciais do câncer na população de 0 a 19 anos, que podem ser semelhantes aos de doenças corriqueiras na infância e na adolescência, como viroses, ou mesmo podem ser erroneamente ligados a traumas ou a brincadeiras e esportes mais vigorosos. A melhor forma de não deixar nada passar é manter o acompanhamento pediátrico regularmente em todas as fases da vida da criança e do adolescente e, claro, valorizar as queixas dos pequenos – ou o choro insistente dos menores. Ainda que não pareça importante, uma dor de perna constante é, sim, motivo para marcar uma consulta. Por meio do exame e da história clínica, o pediatra consegue definir se o quadro corresponde, por exemplo, a uma dor de crescimento, muito frequente na infância, ou se requer investigação mais aprofundada com exames de sangue e de imagem – além de câncer, diversas outras doenças podem cursar com essa manifestação. Na dúvida, converse sempre com o pediatra ou com um médico de sua confiança. Conheça os sinais e sintomas de alerta Caroços ou inchaços, sobretudo quando aparecem sem dor, febre ou sinal de infecção Palidez Hematomas (manchas roxas) pelo corpo Sangramento na gengiva ou pelo nariz Dor de perna ou dor óssea frequentes, que não cessam sem analgésicos Perda de peso mesmo com alimentação adequada Febre prolongada sem manifestações de infecção Tosse persistente ou falta de ar Suores noturnos Alterações oculares: pupila branca diante da exposição à luz, estrabismo súbito, perda visual, manchas roxas ou inchaço ao redor dos olhos Inchaço no abdome Dor de cabeça persistente e grave Vômitos pela manhã, com piora progressiva ao longo dos dias Cansaço e letargia, a ponto de a criança se negar a brincar ou se isolar Tontura e falta de equilíbrio e coordenação Alterações de comportamento Tipos de câncer infantojuvenil: Leucemias Linfomas Tumores no sistema nervoso central Neuroblastoma (no abdome) Tumor de Wilms (nos rins) Retinoblastoma (na retina) Tumor germinativo (nas células que dão origem a ovários e testículos) Osteossarcomas (nos ossos) Sarcomas (nas partes moles)

21/06/2021
Saúde da Mulher

Todo cuidado é pouco para evitar a hepatite B na gestação

Entre os exames realizados no pré-natal estão os voltados para o diagnóstico de hepatite B, uma inflamação no fígado, causada pelo vírus HBV, que pode se resolver espontaneamente ou se tornar crônica, com risco de cirrose e câncer hepático. Mas o que uma doença no fígado tem a ver com a gravidez? Ocorre que a hepatite B é uma condição infecciosa que tem possibilidade de ser transmitida para o bebê durante a gestação, através da placenta, e no momento do nascimento, pelo contato da criança com o sangue materno no canal de parto. Dessa forma, já na primeira consulta de pré-natal, o obstetra precisa verificar se a mulher apresenta a infecção para poder tratá-la, muitas vezes em conjunto com um hepatologista e/ou infectologista, e assim prevenir o risco de transmissão vertical da doença, ou seja, da mãe para o bebê. Mesmo porque a hepatite B pode passar despercebida quando cursa sem sintomas, sobretudo na forma crônica. Vacinação: antes tarde do que nunca Está certo que hoje o risco de transmissão vertical da doença é um pouco menor porque a vacina contra a hepatite B faz parte do Programa Nacional de Imunizações e, portanto, muitas mulheres em idade fértil já foram vacinadas na infância. Ainda assim, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais de 2019, emitido pelo Ministério da Saúde, o Brasil registrou 1.301 casos da hepatite B em grávidas no ano de 2018, a maioria na faixa dos 20 aos 39 anos. Na hora do pré-natal, portanto, além de se certificar de que a gestante está livre da infecção, o obstetra tem de levantar seu histórico vacinal. Caso não tenha recebido o imunizante, ou mesmo não tenha o registro dessa informação, a gestante deve ser vacinada já no primeiro trimestre gestacional. Tratamento com antivirais A hepatite B aguda é tratada com repouso, hidratação e alimentação pobre em gordura, medidas que ajudam o fígado a se recuperar da inflamação. Já o tratamento da hepatite B crônica pode requerer medicamentos para evitar lesões hepáticas. De qualquer forma, o Ministério da Saúde preconiza o uso de um antiviral, o tenofovir, entre 28 e 32 semanas de gestação para reduzir o risco de transmissão da doença da mãe para o bebê. Qualquer que seja a forma da hepatite B, todos os recém-nascidos de mães infectadas precisam receber, logo nas primeiras horas de vida, a primeira dose da vacina e também a imunoglobulina humana anti-hepatite B, um tipo de proteína que ajuda a prevenir a infecção em pessoas expostas ao vírus. Todos esses cuidados se justificam porque o risco de contrair a forma crônica da hepatite B chega a 90% quando a infecção ocorre até os 6 meses de idade. Além disso, entre as pessoas que adquirem a doença na infância, cerca de 25% acabam desenvolvendo cirrose ou câncer hepático. Um prognóstico negativo, que, porém, tem tudo para ser evitado com um pré-natal adequado.

19/10/2020
Outubro Rosa

Mamografia reduz a mortalidade por câncer de mama

Diversas condições clínicas podem ser prevenidas com comportamentos saudáveis e seguros, especialmente as que apresentam poucas causas. No câncer de mama, que decorre de diferentes fatores de risco, como ambientais, biológicos, comportamentais, reprodutivos, hormonais e genéticos, o desafio de evitar a doença dessa forma é maior – mas não impossível.  Segundo o Instituto Brasileiro de Câncer (Inca), algumas boas escolhas que fazemos são capazes de prevenir 30% dos casos desse tumor. Entre elas, praticar atividade física regularmente, controlar o peso e manter uma alimentação saudável.  O Inca também lembra que o aleitamento materno configura um fator de proteção contra o tumor. Conforme um estudo que envolveu mulheres de 30 nacionalidades diferentes, o risco de desenvolver câncer de mama cai 4,3% a cada 12 meses de amamentação. Contudo, com exceção dos fatores de risco comportamentais, os demais aspectos que aumentam a chance de desenvolver um tumor mamário não podem ser modificados. Por isso, os especialistas utilizam a chamada estratégia de prevenção secundária, que consiste em pesquisar o câncer quando ainda não há sinais e sintomas dele (veja boxe). Para tanto, utiliza-se a mamografia, uma radiografia das mamas capaz de revelar nódulos (caroços) não palpáveis ou mínimas alterações compatíveis com um tumor em estágio inicial. Benefícios do rastreamento  O Ministério da Saúde recomenda que as mulheres realizem a mamografia entre os 50 e os 69 anos de idade, a cada dois anos, a mesma indicação da Organização Mundial de Saúde. Já o Colégio Brasileiro de Radiologia, a Sociedade Brasileira de Mastologia e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia defendem que o exame seja feito anualmente a partir dos 40 anos. Entre um parecer e outro, evidentemente, vale o que o seu médico orientar. Diversos estudos ao redor do mundo apontam que o rastreamento mamográfico periódico reduz de forma importante a mortalidade por câncer de mama – os percentuais de redução variam de 25% a 40% – e diminui a agressividade do tratamento e seus efeitos adversos. Afinal, quanto mais cedo se detecta uma lesão maligna, menos recursos terapêuticos são necessários para combatê-la. O fato é que a mamografia não previne o tumor mamário, mas permite seu diagnóstico precoce, possibilitando que a mulher saiba que tem a doença antes mesmo de apresentar qualquer manifestação clínica e faça o tratamento antes que o tumor cresça e se espalhe. Por essa razão, o uso do método está relacionado à diminuição da taxa de mortalidade por câncer de mama. Em situações especiais, como em casos de risco de câncer hereditário ou na presença de mamas muito densas, a mamografia pode ser combinada à ressonância magnética ou à ultrassonografia para aumentar a sensibilidade do rastreamento. A associação desses métodos de imagem visa sempre ao diagnóstico do câncer em estágio inicial, quando, vale assinalar, as chances de cura ultrapassam a casa dos 90%.  Atenção a sinais e sintomas nas mamas Mesmo fazendo mamografia conforme a periodicidade determinada nas consultas anuais com o ginecologista e/ou mastologista, nos intervalos entre um rastreamento e outro, procure se certificar de que suas mamas permaneçam inalteradas desde a última avaliação, observando-as e palpando-as pelo menos uma vez por mês. Conheça seu corpo e fique atenta particularmente à presença de: - Caroço fixo e indolor, percebido pela palpação - Pele das mamas avermelhada e retraída - Mamilos alterados - Secreção nos mamilos (que sai espontaneamente) - Gânglios no pescoço ou nas axilas Esses sinais e sintomas são característicos de doenças de mama, inclusive câncer. Portanto, se encontrar algum deles, procure esclarecimentos com seu médico. 

23/03/2020
Criança

Um cérebro diferente. Assim é o autismo

A série The Good Doctor trouxe ao público um tema pouco discutido na sociedade: a capacidade de o autista exercer uma profissão, relacionar-se e ser independente. O protagonista, o cirurgião Shaun Murphy, tem autismo e uma síndrome rara (Savant), que lhe permite fazer cálculos complicados e se valer de uma memória fotográfica. Apesar dos preconceitos de colegas e de pacientes, o jovem profissional ajuda a elucidar diagnósticos complexos e a buscar soluções inusitadas na sala cirúrgica e até fora dela, mudando a percepção das pessoas a seu respeito. A série é uma ficção romanceada, mas especialistas não acham impossível que um indivíduo autista seja competente na área do conhecimento de sua escolha, mesmo que isso se aplique a uma minoria. Depende justamente do grau do chamado transtorno do espectro autista, que recebe esse nome por ser um conjunto de condições caracterizadas por alterações no desenvolvimento neurológico, que se manifestam, em conjunto ou isoladamente, por dificuldade de comunicação, de linguagem e de socialização, assim como por interesses e atividades restritas e repetitivas.  O nível de funcionamento intelectual varia muito, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, havendo desde comprometimento cognitivo profundo até níveis superiores de desempenho, sendo ainda muito comum que os indivíduos apresentem outros distúrbios psiquiátricos e neurológicos concomitantes, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.  Diversos espectros No autismo clássico, as pessoas são ensimesmadas e não estabelecem contato visual com seus interlocutores, tampouco com o ambiente ao redor. A fala não é usada como recurso de comunicação, apesar de poderem falar e entender ideias e palavras simples, desde que no sentido literal, sem metáforas nem duplos sentidos. Há preferência por brincadeiras solitárias na infância e isolamento conforme os anos passam.  Já no autismo de alto desempenho, também conhecido como síndrome de Asperger, embora possam apresentar as mesmas dificuldades de relacionamento e comportamento em graus variáveis, os indivíduos são bastante verbais e inteligentes, muitas vezes exibindo um desempenho genial em suas atividades. Dependendo do nível de interação social, conseguem levar uma vida sem impedimentos.  Dentro do espectro autista, há ainda os distúrbios globais do desenvolvimento, cujos sintomas, que vão além das dificuldades de comunicação e de relacionamento – incluindo, por exemplo, aversão ao toque, problemas de coordenação motora, alterações de humor e muitos outros –, não se encaixam em nenhuma das duas outras formas, impondo maior desafio ao diagnóstico. Todas as apresentações podem ser muito variáveis, algumas bem discretas, outras mais evidentes. Por isso se usa o termo espectro na denominação da condição – são várias facetas de uma mesma moeda. Na maioria dos casos, os sinais de autismo ficam perceptíveis até os 5 anos de idade e persistem por toda a vida. Com frequência, mães de filhos autistas relatam que seus bebês não as olhavam nos olhos durante a amamentação, já demonstrando uma das características mais marcantes da condição – a falta de contato visual. Apoio e cuidados para muitos A OMS estima que 70 milhões de pessoas em todo o mundo apresentem algum transtorno do espectro autista, das quais 2 milhões no Brasil, embora não tenhamos por aqui nenhum estudo de frequência entre brasileiros. As autoridades sanitárias mundiais observam um aumento no número de casos, que, no entanto, atribuem a uma maior conscientização sobre a condição, ao aprimoramento das informações reportadas e a uma ampliação dos critérios e dos recursos diagnósticos. As causas do transtorno permanecem sob uma certa névoa para a ciência, mas parece haver um consenso de que envolvem sobretudo fatores genéticos. Mutações em proteínas que ficam ancoradas na superfície dos neurônios, para permitir que o estímulo nervoso flua de forma adequada entre eles, provocam desequilíbrio entre os sinais de excitação e inibição que navegam entre as células nervosas, impactando a linguagem, o aprendizado, a interação social e a memória dos indivíduos. Já existem testes genéticos que ajudam a dar suporte ao diagnóstico, contudo a identificação do quadro permanece sendo essencialmente clínica, feita no consultório. Quanto ao tratamento, como qualquer condição que envolva comportamento, o autismo requer uma abordagem personalizada e não tem cura. Em todos os casos, exige o engajamento dos pais, educadores e de uma equipe de saúde multidisciplinar para promover a reabilitação do indivíduo e sua inclusão social. Quanto mais cedo essa estratégia se inicie, melhor o resultado. De qualquer forma, a condição traz impactos econômicos e sociais importantes para o portador e sua família. Voltando ao nosso exemplo inicial, apenas dois em cada dez autistas conseguem ter alguma independência semelhante à do Dr. Shaun. A maioria precisa de apoio social e de cuidados permanentes, o que implica o empoderamento dos cuidadores por parte das autoridades de saúde. Portanto, conhecer exatamente a epidemiologia da condição é essencial para criar políticas públicas para essa população, não só no que tange ao atendimento de saúde, mas também à garantia do cumprimento dos direitos desse grupo, que, afinal, é mais vulnerável em todos os sentidos.  Se você tem dúvidas sobre o comportamento de seu filho, ainda que ele já tenha passado dos 5 anos, não perca tempo. Procure um médico que conheça a história clínica da criança para esclarecimentos e eventual encaminhamento a um especialista. Exemplo real de inclusão Greta Thunberg, a ativista ambiental sueca que tem cutucado a ferida dos grandes poluentes do planeta, foi diagnosticada com Asperger aos 11 anos. Em vez de contê-la, porém, a descoberta a impulsionou, evidentemente graças à boa acolhida na família, na escola, nos serviços de saúde e na sociedade. Assim, conseguiu transformar sua obsessão e seu temor com a degradação ambiental e o aquecimento global numa luta produtiva, que acabou mobilizando milhões de outros jovens. O fato é que a sueca, hoje com 16 anos, é um exemplo real de inclusão do autista na sociedade mundial, que deixa qualquer romance no lugar dele – na esfera ficcional.

03/02/2020
Prevenção

Cinco escolhas que ajudam a prevenir o câncer

Quem disse que você não pode fazer nada para escapar do câncer? De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a maioria dos casos são relacionados a fatores externos que podem ser modificados de alguma forma. Entre eles, hábitos nocivos como fumar e ingerir bebidas alcoólicas, bem como estilo de vida pouco saudável, que inclui o sedentarismo e o costume de consumir fast-food. Além disso, os problemas decorrentes da ação do próprio homem no meio ambiente também podem ser considerados um fator externo.  Apenas uma pequena parte dos casos de câncer derivam de fatores internos, como falhas no sistema imunológico que impedem o organismo de eliminar células malignas e alterações genéticas relacionadas a diversos tipos de carcinomas. Mesmo assim, com as descobertas da ciência, algumas ações já podem ser tomadas para deter esse inimigo íntimo. Por exemplo, na presença de alterações nos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam consideravelmente o risco de tumor de mama e de ovário, pode haver indicação de cirurgias para a remoção preventiva dessas estruturas. Diante disso, a DaVita Serviços Médicos selecionou cinco medidas que você pode tomar para ajudar a evitar o surgimento do câncer ao longo de sua vida. 1. Fique longe do cigarro e do consumo de bebidas alcoólicas O tabagismo está implicado em uma grande porcentagem dos casos de câncer de pulmão, segundo o Inca, bem como em tumores de bexiga, boca, faringe, estômago, fígado, colo do útero, esôfago, rim, além da leucemia mieloide aguda. Vale lembrar que as pessoas que convivem com os fumantes também podem ser afetadas por esses cânceres, dado o consumo passivo das mais de quatro mil substâncias tóxicas do cigarro, 40 delas, inclusive, cancerígenas.  Outra droga socialmente tolerável é o álcool, que assim como o cigarro, também possui grande parcela de culpa quando se trata de câncer. Consumir bebidas alcoólicas pode aumentar o risco de tumores malignos na boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, intestino e mama. E não há níveis seguros de consumo para prevenir a doença, afirma categoricamente o Inca. Assim, convém restringir ao máximo sua ingestão e mesmo assim, em doses pequenas. A combinação de bebidas alcoólicas e tabaco, em particular, aumenta o risco de desenvolver câncer em 150 vezes, segundo o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Isso porque o álcool funciona como uma espécie de solvente nas mucosas, facilitando a entrada dos agentes tóxicos, a exemplo dos contidos no cigarro. 2. Controle o peso e mantenha uma alimentação saudável Com o excesso de gordura o organismo sofre um processo inflamatório que eleva a produção de hormônios capazes de danificar as células e levar ao surgimento de diferentes cânceres. De acordo com o Inca os de esôfago,  estômago, pâncreas, vesícula biliar,  fígado, intestino, rim, mama – inclusive em homens –, ovário, endométrio, próstata e tireoide, além de mieloma múltiplo e linfoma difuso de grandes células B, duas doenças hematológicas malignas. A prática regular de exercícios e a manutenção de uma alimentação adequada, que isoladamente também ajudam a prevenir o câncer, são dois grandes aliados no combate ao sobrepeso e a obesidade. Preferencialmente, impedir a instalação de células de gordura desde cedo é a melhor maneira de chegar a idade adulta com peso normal e portanto, menos sujeito a transformação de células saudáveis em células malignas. Dá para começar desde o nascimento, não abrindo mão da amamentação exclusiva nos seis primeiros meses de vida, o que, comprovadamente, evita o sobrepeso anos mais tarde – para a mulher, vale lembrar, amamentar também configura uma proteção contra o câncer de mama.  Conforme a criança começar a comer, acostume-a com pelo menos, cinco vegetais por dia, sempre variando cores, sabores e texturas, bem como com cereais integrais, frutas, feijões e outras leguminosas como a lentilha, pois esses alimentos contém um sem-número de nutrientes que atuam como agentes anticâncer, além das fibras, que previnem o câncer de intestino. Também convém limitar a ingestão de carne vermelha, gorduras e alimentos industrializados, em especial os ultra processados, como embutidos, comida pronta para aquecer e sucos adoçados, entre muitos outros. Esses hábitos, se iniciados na infância, têm mais chances de perdurar ao longo da vida. Só não se esqueça de dar o exemplo. 3. Pratique sexo seguro e vacine-se O papilomavírus humano, ou HPV, agente sexualmente transmissível, geralmente costuma ser a causa do câncer de colo do útero, mas também está envolvido em casos de câncer de vulva, vagina, pênis, ânus, orofaringe e até de boca. Da mesma forma que o vírus da hepatite B, igualmente considerada uma infecção transmitida sexualmente, tem implicação em boa parte dos casos de câncer de fígado. Usar preservativo ajuda a prevenir essas doenças, porém somente essa medida não basta, principalmente quando se trata do HPV, já que a transmissão desse agente ocorre em qualquer etapa do contato sexual. A forma mais efetiva de se proteger contra esses vírus é a imunização. Quem não foi vacinado contra a hepatite B na primeira infância – em geral, pessoas que nasceram antes da década de 1990, quando a vacina foi incluída no Calendário Infantil de Vacinação do Ministério da Saúde –, pode encontrar essa proteção na rede pública, em qualquer idade. Já a vacina recombinante contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV, que causam câncer e verrugas genitais, é aplicada dos 9 aos 14 anos em meninos e meninas.  Para adultos, por sua vez, o produto está disponível até os 26 anos nas Unidades Básicas de Saúde e, após essa idade, apenas na rede privada, sendo indicado para quem não teve contato com nenhum desses vírus – há exames que fornecem tal informação. De qualquer forma, se a pessoa já foi contaminada apenas pelo HPV 11, por exemplo, a vacina continuará oferecendo cobertura para os outros três tipos. Por isso, do ponto de vista individual, sempre vale a pena se imunizar, garantem os especialistas. 4. Proteja-se do sol Em nosso país tropical, o maior número de casos de câncer é o de pele não melanoma, que apesar de ser menos letal que os demais, pode deixar sequelas importantes em áreas expostas. Portanto, não dá para negligenciar esse risco. O uso do protetor solar deve ser cotidiano e não apenas na praia ou na piscina, mas em qualquer exposição, incluindo a saída do escritório durante o dia para almoçar.  Para peles claras, os produtos devem ter FPS no mínimo 30, com cobertura para raios ultravioleta A e B. Para peles negras, o FPS pode variar de 15 a 20, dependendo da tonalidade da cútis. Não se esqueça de proteger os lábios. Quem trabalha ou faz atividades físicas sob o sol rotineiramente também precisa se valer de outros acessórios de proteção, tais como roupas, óculos de sol e boné/chapéu.  Em passeios ou atividades de lazer ao ar livre, convém ainda evitar o sol entre 10h e 16h, período da maior incidência dos raios ultravioleta, responsáveis diretos pelas alterações nas células da pele que causam envelhecimento precoce e câncer de pele. 5. Ponha o corpo em movimento Sim, a atividade física tem papel fundamental na prevenção do câncer porque reduz reações inflamatórias no organismo, as quais favorecem o surgimento de mutações em células, que por sua vez, dão origem à doença. Como ajudam a manter o peso ideal, os exercícios contribuem indiretamente para prevenir todos os tumores associados à obesidade e ao sobrepeso. Além disso, diminuem pela metade o risco de câncer de intestino. A explicação, segundo os especialistas, é que a prática cotidiana de atividade física regula o funcionamento intestinal e assim, evita que as substâncias tóxicas – e potencialmente cancerígenas – fiquem muito tempo em contato com a mucosa da região. Pela mesma razão, a ingestão de fibras possui ação anticâncer. Ademais, exercitar-se com frequência colabora para prevenir o câncer de mama, que tem, entre suas diversas causas, a exposição prolongada ao estrógeno, um hormônio feminino. A movimentação do corpo regulariza a produção dessa substância, assim como elimina o excesso de gordura que igualmente se associa ao desenvolvimento de tumores mamários. E basta?Não. Como o câncer é uma doença causada muitas vezes pela combinação dos vários fatores de risco aqui abordados, não dá para abrir mão de consultar, pelo menos anualmente, um médico que conheça bem seu histórico de saúde, como um médico de família. Esse profissional pode avaliar seu estado geral, prestar orientações sobre os exames de rastreamento recomendados em cada etapa da vida – como o papanicolau, preventivo de câncer de colo do útero – e encaminhar você para especialistas diante de queixas diferentes ou de alterações em testes de rotina.  Com essas estratégias, o risco do câncer aparecer pode ser reduzido ou, ainda que ele surja, será possível aumentar a probabilidade de fazer rapidamente o diagnóstico e o tratamento no estágio inicial da doença, quando, em geral, as chances de cura são elevadas. Vamos começar?

30/12/2019
Prevenção

Cuidados com as doenças de verão

Se, no inverno os vírus respiratórios são a maioria dos casos em hospitais, o verão também traz riscos capazes de atrapalhar as férias, festas de fim de ano e até mesmo fins de semana na praia ou no campo. De acordo com especialistas, as altas temperaturas, associadas à umidade da estação e à falta de saneamento básico, favorecem a proliferação de agentes infecciosos que causam uma série de doenças, desde micoses, passando por otites, até conjuntivites. Sem falar na ameaça em que o sol, quando em excesso, pode se tornar. O clima quente traz consigo o perigo das arboviroses, que são doenças causadas por insetos, como dengue, infecção pelo vírus Zika, chikungunya e febre amarela urbana. Conheça as doenças do verão e saiba o que fazer para preveni-las. Intoxicação alimentar e infecções gastrointestinais Por que ocorrem?Os alimentos se deterioram mais rapidamente no calor, sobretudo devido à ação de toxinas e bactérias. Além disso, como o clima quente favorece os programas ao ar livre, consequentemente consumimos mais lanches e petiscos fora de casa, cujo preparo muitas vezes não conta com a higiene e as condições de armazenamento ideais. A intoxicação ocorre geralmente algumas horas após a ingestão do alimento contaminado e a infecção pode se dar em até quatro dias depois do consumo. Quais são os sintomas?Caracterizam-se por vômitos, diarreia e mal-estar geral, podendo evoluir para desidratação se não houver condições de reposição da água e dos sais minerais perdidos, particularmente quando a pessoa está vomitando muito.  Como prevenir?Evite comer alimentos de procedência duvidosa na rua ou na praia e dispense o gelo fora de casa. Não guarde sobras de comida por muito tempo na geladeira, especialmente se ficaram à temperatura ambiente por período prolongado. É melhor congelar pequenas porções assim que a comida fica pronta e descongelar à medida que precise utilizar, mas sem congelar de novo. O que fazer?Procure um pronto atendimento se não estiver conseguindo se reidratar em casa. Caso o quadro de diarreia continue, é melhor consultar um médico de sua confiança. Micoses Por que ocorrem?São causadas pela proliferação de fungos em áreas quentes e úmidas do corpo, que, no verão, não apenas apresentam temperatura mais altas, como também têm mais contato com superfícies molhadas - duas condições ideais para o desenvolvimento desses agentes.  Quais são os sintomas?As áreas comprometidas pelos fungos costumam coçar bastante e exibir irritação e vermelhidão, além de descamação e manchas, como perda de pigmentação da pele, conforme o tipo de micose. Nos pés, ainda produzem odor forte.Como prevenir?Para evitar a combinação de calor e umidade, é importante manter todas as dobras do corpo limpas e secas, não usar sapatos fechados em dias muito quentes e jamais ficar descalço em ambientes públicos. Como os fungos são facilmente transmissíveis, não use toalhas e calçados de outras pessoas e calce sandálias de borracha em vestiários e chuveiros públicos. Prefira ainda roupas leves no verão, de preferência de algodão, e troque meias e roupas íntimas todos os dias. O que fazer?Procure um dermatologista para que esse especialista possa fazer o diagnóstico correto e evitar a confusão com outras doenças de pele. Otites Por que ocorrem?Devido ao maior contato com a água, no mar e na piscina, a camada de cera que protege o ouvido acaba sendo removida e deixando o canal auditivo exposto a infecções por fungos e bactérias. Esses microrganismos ainda podem penetrar na pele do ouvido externo se houver alguma lesão minúscula causada por hastes de algodão, atritos ao coçar ou secar a região e até mesmo contato com água contaminada. Quais são os sintomas?As manifestações incluem dor de ouvido, com ou sem secreção, e sensação de abafamento do som. Algumas vezes, pode também haver febre. Como prevenir?Deve-se sempre secar o ouvido com uma toalha limpa e macia ao sair do mar ou da piscina. Nada de usar hastes flexíveis de algodão, uma vez que empurram a cera para dentro do canal auditivo e impedem a água acumulada de escoar, aumentando a umidade interior. Sem falar que podem machucar o canal auditivo, o que amplia a vulnerabilidade a infecções. Protetores auriculares também são recomendados. O que fazer?Procure um médico de sua confiança para ter o diagnóstico correto e dar início ao tratamento adequado, pois a automedicação pode piorar o quadro. Desidratação Por que ocorre?No verão, a perda de água pelo suor é maior e, quem não faz a reposição adequada de líquidos, acaba se desidratando. O quadro atinge com mais frequência idosos, que não sentem sede, e crianças pequenas, que não sabem demonstrar que precisam se hidratar. Para completar, a exposição prolongada ao sol e a prática de exercícios físicos aumentam bastante a transpiração do corpo. Quais são os sintomas?A condição pode se manifestar com ressecamento da pele e dos lábios, mas é insidiosa, uma vez que provoca prostração e sonolência, o que muitas vezes pode ser confundido com cansaço. Assim, o sono exagerado de idosos e bebês no calor inspira cuidados por parte de seus cuidadores. A desidratação pode evoluir para coma e parada cardíaca sem nenhuma providência. Como prevenir?A melhor forma de prevenção é se hidratar com o melhor dos líquidos – a água –, mas é possível variar para aumentar a aceitação, por exemplo, com chás sem cafeína, isotônicos, água de coco e sucos. O melhor indicador da falta desse combustível é a cor da urina. Se escura, o organismo está pedindo água, mas, se amarelo-clara, indica um corpo bem hidratado.  Todo cuidado é pouco com bebidas alcoólicas, especialmente a cerveja, que parece matar a sede, mas aumenta a frequência e o volume urinário, predispondo o indivíduo à desidratação. Entre um copo e outro, tome água. Na alimentação, vale caprichar em vegetais e frutas como melancia, melão, rabanete e pepino, entre muitos outros ricos em água. O que fazer?Quando a prostração está instalada, é importante procurar um pronto atendimento para a reposição adequada de água e sais minerais. De qualquer modo, convém começar a hidratação já em casa, se possível, até chegar ao serviço médico. Queimaduras de pele Por que ocorrem?A pele fica queimada pelo exagero na exposição solar, especialmente nos horários de maior incidência dos raios ultravioleta, das 10h às 16h, ou pelo uso errado do protetor solar, seja com fator de proteção solar (FPS) inadequado para o tom da pele, seja pela falta de reaplicação necessária.  O fato é que quem quer ficar bronzeado num só dia tem risco de acabar saindo da praia ou da piscina com problemas imediatos pela frente. Fora os riscos de câncer de pele no futuro – sim, os estragos do sol são cumulativos e dão origem a células malignas. Quais são os sintomas?Vermelhidão, dor e ardência na pele são as principais manifestações das queimaduras solares, assim como bolhas em casos mais graves. Podem ser acompanhadas de desidratação e sinais de insolação, como dor de cabeça, tontura, enjoo, alteração nos batimentos cardíacos e até desmaios.  Como prevenir?Em primeiro lugar, a escolha certa do FPS é vital. Pessoas de pele clara, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, devem usar no mínimo FPS 30 e passar novamente o produto sempre que entrarem na água ou transpirarem demais ou, ainda, após duas horas da aplicação. Pessoas de pele negra devem usar, no mínimo, FPS 15, tomando os mesmos cuidados com a reaplicação. O ideal é começar a tomar sol aos poucos, sempre procurando sombra no horário mais nocivo, das 10h às 16h.  Acessórios são mais que bem-vindos: chapéu, boné, óculos de sol e camisetas de algodão e até mesmo aquelas com proteção solar, muito usadas por praticantes de esportes aquáticos. O que fazer?Se a queimadura for simples, banhos frios e géis calmantes pós-sol podem ajudar a reduzir o incômodo, sem esquecer de ingerir bastante água para hidratar o corpo. Assim que possível, procure um dermatologista, uma vez que há cremes tópicos que ajudam a reduzir o número de células com risco de transformação maligna. Em casos mais graves, com insolação, mantenha a hidratação e procure imediatamente atendimento médico.  Conjuntivite Por que ocorre?A condição tem alta incidência no ano todo, mas, no verão, acaba sendo bastante comum por conta do uso mais frequente de piscinas, saunas e de aparelhos de ar-condicionado e da maior aglomeração de pessoas em praias, clubes, parques e outros locais semelhantes. Além disso, a exposição prolongada ao sol torna os olhos mais irritados e vulneráveis à ação de vírus e bactérias, que, por sua vez, se disseminam mais facilmente sob calor e umidade. Quais são os sintomas?A infecção provoca irritação ocular, olhos vermelhos, inchaço nas pálpebras, lacrimejamento e sensação de areia nos olhos. Quando causada por bactérias, há presença de secreção espessa. Como prevenir?Lave as mãos com frequência, sobretudo após ter tocado em objetos de uso coletivo ou ter estado em locais públicos, e não coce os olhos. Não compartilhe itens de uso pessoal, como toalhas de banho, em especial as de praia ou piscina, lenços e maquiagens, tampouco óculos, inclusive os de mergulho, entre outros. O que fazer?Diante de sintomas, procure logo um oftalmologista ou mesmo um pronto atendimento, já que a conjuntivite é altamente contagiosa. O médico precisa avaliar o quadro para determinar a origem da infecção (viral ou bacteriana) e, assim, prescrever o tratamento mais indicado. Conjuntivites causadas por bactérias só melhoram com antibióticos. Arboviroses – dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana Por que ocorrem?As chuvas de verão e o aumento da temperatura favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, o vetor dos vírus que causam dengue, infecção pelo vírus Zika, chikungunya e até febre amarela urbana, transmitida ao ser humano pela picada da fêmea contaminada com esses agentes. Essa situação piora com o acúmulo de lixo e a falta de saneamento básico nas grandes cidades das nações tropicais em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Aqui, temos um vasto cenário para o mosquito se reproduzir à vontade e atormentar a saúde da população. Quais são os sintomas?Dengue, zika e chikungunya apresentam manifestações muito parecidas, com febre, manchas vermelhas pelo corpo, dores musculares e articulares, coceira e dor de cabeça, entre outras. O que varia é a intensidade e a frequência dessas queixas. A febre amarela também pode ter um início parecido, assemelhando-se em particular com a dengue grave nas manifestações hemorrágicas, porém se diferencia pelo potencial surgimento de icterícia (link para matéria). Como prevenir?É fundamental acabar com os possíveis criadouros de larvas do mosquito e com qualquer lugar que possa acumular água, dentro e fora de casa. Deve-se ainda eliminar os focos do mosquito dos recipientes com água já acumulada, o que, por vezes, exige o uso de larvicidas e, portanto, o suporte de um agente de saúde. Para se proteger pessoalmente, convém aplicar repelentes na pele exposta do corpo e lançar mão de inseticidas aprovados pela Agência de Vigilância Sanitária, sempre conforme as instruções dos produtos. Grávidas devem usar preservativo nas relações sexuais porque o vírus Zika também é transmitido sexualmente e pode contaminar o feto, causando microcefalia. Já a febre amarela pode ser prevenida por vacina, recomendada em quase todo o Brasil, exceto em alguns Estados do Nordeste. O que fazer?Procure um pronto atendimento para esclarecer o quadro e receber orientação médica, já que nenhuma dessas infecções tem cura, só requerendo repouso e medicações para alívio dos sintomas. É fundamental  receber um diagnóstico rapidamente porque essas doenças podem trazer complicações importantes, em especial a dengue e a febre amarela.

26/12/2019
Alimentação

Ceia Saudável: Saiba como preparar

Quem já não assistiu a este filme? Forno ligado o dia todo na véspera de réveillon, aquele cheirinho de ceia no ar, e a casa fervendo por causa do calor de mais de 30 graus do fim de dezembro. No cardápio, além dos assados como peru, tender e pernil, maionese de batata, arroz à grega e farofa amanteigada com bacon e ovos, sem falar na sobremesa, com rabanada, sorvete e panetone recheado com creme de chocolate. E, claro, tudo regado a cerveja, refrigerante e também champanhe para brindar à meia-noite. Por herança da colonização portuguesa, combinada a invenções mais moderninhas, como o recheio do panetone, muitos desses pratos figuram em nossas mesas há gerações, mas estão longe de formar um menu adequado e saudável para servir à noite em pleno verão. Com exceção do peru, essas preparações são calóricas, de difícil digestão, ricas em gordura saturada (do tipo que faz mal para o coração) e em carboidratos de rápida absorção, que elevam a taxa de glicose no sangue. A DaVita selecionou algumas dicas de especialistas em nutrição para você preparar uma ceia mais saudável, com menos calorias e muito mais nutrientes e, detalhe importante, sem abrir mão da tradição e do sabor. Leia abaixo e surpreenda-se! Saúde à mesa na hora de comemorar Há muitas opções para fazer um prato principal saudável para sua ceia. Aves como peru ou chester sem pele são pratos tradicionais e com pouca gordura, mas ainda existem alternativas como peixes, a exemplo de salmão ou bacalhau, que vão muito bem com legumes – uma ótima pedida para incluir fibras na ceia. Outra opção é o lombo de porco para não abrir mão do sabor de uma carne magra. Lembre-se, porém, que apenas um tipo de assado basta. A tradicional farofa não precisa sair do cardápio, mas você pode abrir mão de ingredientes gordurosos e apostar em frutas secas, como tâmara, ameixa, uva-passa e damasco. Apesar de serem ricas em carboidratos, mais até que as frutas in natura, elas oferecem também fibras, vitaminas e minerais. Para quem não tolera a mistura de doces com salgados, uma opção é utilizar legumes, como couve, cenoura, vagem e abobrinha, para preparar pratos coloridos, apetitosos e bem menos calóricos. Para petiscar antes da ceia Você pode optar por castanhas, amêndoas, nozes e avelãs, comuns nesta época do ano. Prefira as versões assadas e sem sal. Todas são ricas em minerais, vitaminas e gorduras boas para a saúde cardiovascular. Só não dá para exagerar por se tratar de alimentos muito calóricos. Aproveite as frutas da estação para montar uma linda mesa. Ameixa, pêssego, uva, cereja, melão, melancia e figo enchem os olhos dos convidados e agradam aos mais exigentes paladares como sobremesa. Se a família não fica sem um doce, faça apenas uma preparação, e não uma dezena, como muitas vezes acontece. Deixe o panetone para o café da manhã do dia seguinte. Acompanhamentos para a sua ceia saudável Uma boa pedida é o arroz à grega, trocando a versão convencional pela integral ou, então, pelo arroz negro ou pelo arroz vermelho. Esses grãos contêm mais nutrientes e fazem bonito em sua mesa. Vale ainda combinar o cereal com algum tipo de fruta oleaginosa, como lascas de amêndoas, para aumentar as qualidades nutricionais do prato. Quando o assunto é salada, não economize. Enriqueça o menu com, pelo menos, três opções diferentes, servindo-as como entrada ou até mesmo para acompanhar a carne. Afinal, não tem melhor escolha para o calor da estação, já que refrescam e fornecem vitaminas, minerais e fibras. Aposte em saladas de folhas frescas e de vegetais crus e cozidos. Para preparações como salpicão, saladas árabes e salada de lentilha, opte por molhos leves, feitos com iogurte, ervas e azeite de oliva, sem creme de leite ou maionese, e coloque pouco sal. Opção de bebidas Não é preciso abrir mão do prazer de brindar com o champanhe, mas convém não exagerar, especialmente com os destilados. Outra dica importante é alternar os drinques com água para evitar a desidratação e os efeitos desagradáveis do álcool. Uma alternativa para manter os copos cheios é servir água aromatizada com frutas ou ervas. São pouco calóricas e refrescantes. Não deixe de consultar seu médico caso tenha alguma restrição alimentar. E boas festas!

07/10/2019
Criança

Tecnologia e Crianças: menos telas, mais brincadeiras

A tecnologia traz vantagens em vários aspectos, aproxima pessoas, economiza tempo... Há uma longa lista de benefícios. Na educação das crianças e adolescentes, se bem usada, pode contribuir com vários aspectos, como atestam os educadores. Nesse grupo, contudo, o problema está na falta de supervisão e, claro, no exagero no uso das telas. Quem já não se deparou com um bebê que só come se estiver interagindo com o tablet, com uma criança que só sabe brincar se houver um gadget envolvido e com um adolescente que só têm amigos virtuais? O fato é que os especialistas estão preocupados com os impactos do uso excessivo da tecnologia no desenvolvimento mental e social das crianças e jovens, já que, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), muitas horas de tela aumentam a ansiedade desse grupo, favorecem transtornos alimentares, atrapalham o sono, baixam o rendimento escolar e expõem a população infantojuvenil ao cyberbullying, à sexualização precoce e até mesmo ao envolvimento com drogas, entre outras situações de risco. Dessa forma, as associações médicas cujo propósito é preservar a saúde infantil vêm emitindo consensos a esse respeito. A própria SBP criou, há dois anos, uma publicação para orientar pais, educadores e pediatras sobre os perigos que essa exposição ocasiona, sugerindo o que chama de dieta midiática aceitável. Segundo essa recomendação, até os 2 anos de idade o ideal é que a criança tenha pouquíssimo ou nenhum contato passivo com telas, nem mesmo com a tevê, sobretudo às refeições ou na hora de dormir. Isso porque, nessa fase, o pequeno precisa de estímulos que demandem suas habilidades motoras, os cinco sentidos e, sobretudo, a interação com coisas e pessoas. Aprender com a tela é um solitário exercício de repetição, o que, se pode ter alguma serventia mais tarde, não traz benefícios em tal faixa etária. Desde que os pais não fiquem grudados no celular, é fácil seguir essa dieta – do contrário, fatalmente a criança vai querer imitá-los. A seguir, dos 2 aos 5 anos, os especialistas recomendam que o pequeno fique apenas uma hora por dia exposto às telas. Depois, o tempo pode ser negociável, conforme o desenvolvimento cerebral e psicológico de cada um, com diversas ressalvas, porém. Até os 6 anos, por exemplo, é indicado blindar as crianças de jogos e filmes violentos, uma vez que elas ainda não discernem bem o real do fantasioso – aliás, jogos que pontuam com mortes, acidentes e tiros são desaconselhados em qualquer idade.  Antes dos 10 anos, outro cuidado importante: não colocar TV nem computador no quarto dos pequenos, pois essa privacidade facilita seu acesso a conteúdos inapropriados e a consequentes riscos, como ação de pedófilos, contato com drogas, pensamentos de autoagressão e brincadeiras arriscadas. De olho nos conteúdos acessados pelos pequenos Nesses primeiros anos, não só o tempo deve ser limitado, como a supervisão precisa ser permanente, inclusive com a indicação de conteúdos adequados a cada faixa etária. Os especialistas sugerem que a criança sequer tenha seu próprio dispositivo antes dos 12 anos, mas use o dos pais. Isso também ajuda a fazê-los entender que, assim como nas demais áreas importantes de sua vida, a tecnologia também fica sob o comando dos adultos. Para os adolescentes, mesmo com seus próprios gadgets à mão, os pais devem continuar supervisionando os conteúdos e participando daquilo que seus filhos estão fazendo nas redes, de modo que possam prevenir problemas e apontar riscos. As horas de tela têm de ser negociadas e igualmente limitadas, sempre alternadas com outras atividades, como esportes, passeios e momentos de contato com a natureza. Até porque há relação entre o excesso de tecnologia e o sedentarismo, um fator de risco para doenças cardiovasculares no futuro. Mais um argumento para tirar seus filhos da tela.  Se precisar de mais argumentos, leve essa pauta para o pediatra. Como proteger as crianças dos perigos virtuais Oriente seus filhos para que não forneçam senhas virtuais a conhecidos e desconhecidos, assim como dados pessoais ou da família. Estabeleça regras sobre conversas em chats e jogos on-line. Se permitir esse tipo de interação, esteja próximo e mostre-se presente para quem estiver falando com seus pequenos. Verifique a classificação indicativa dos conteúdos e libere os que forem adequados à faixa etária. Eduque suas crianças para que não postem nem repliquem mensagens que, de alguma forma, possam soar ofensivas, preconceituosas, ameaçadoras, violentas ou desqualificantes.  Oriente seus filhos para que não se intimidem com ameaças virtuais nem cedam a qualquer tipo de chantagem de colegas ou conhecidos. Fique atento para entrar no circuito nessas situações e, se for o caso, acionar a lei. Dê o exemplo e desconecte-se quando estiver com seu núcleo familiar, evitando ainda a superexposição de sua vida pessoal nas redes sociais.

07/10/2019
Alimentação

Riscos da obesidade para a saúde

No período renascentista, a obesidade era sinônimo de riqueza. Quem era gordo tinha acesso a uma boa alimentação e não precisava trabalhar. No século 18, no entanto, a ideia de que a gordura não era só corpulência, mas distúrbio, começou a ganhar terreno. No século seguinte, a condição passou a ser considerada mórbida e associada a problemas de saúde. Mais de 200 anos depois, esse elo se fortaleceu e preocupa bastante diante da epidemia de obesidade que se instaurou em todo o mundo. Só no Brasil, 18,9% da população está obesa e 54% das pessoas encontram-se acima do peso, de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, divulgada em maio de 2018.  A preocupação se justifica porque, entre outros prejuízos, o excesso de peso leva a pessoa a ficar intolerante à insulina, o hormônio responsável por colocar a glicose para dentro das células. Sem tratamento, a intolerância se transforma em diabetes do tipo 2, que, por danificar os vasos sanguíneos, favorece a ocorrência de problemas cardiovasculares. Em paralelo, a obesidade cursa com elevação de colesterol e triglicérides na circulação, o que predispõe à formação de placas de gordura nas artérias, aumentando o risco de infarto e AVC, e ainda causa hipertensão arterial, que também danifica o sistema circulatório. Tudo isso cria uma verdadeira bomba-relógio no organismo. Mais recentemente, a condição ainda vem sendo acusada de ajudar a patrocinar o surgimento de câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 13 tipos de tumor maligno têm relação com o excesso de gordura corporal, entre eles os mais frequentes na população mundial, como o câncer de mama, o câncer de intestino e o câncer de estômago.  Estratégias contra a obesidade É claro que o incentivo à atividade física e à alimentação saudável, com mais grãos integrais vegetais e frutas, precisa ser uma bandeira constante, mas um dado da Vigitel chama a atenção. Segundo a pesquisa, a obesidade tem maior prevalência entre os jovens de 18 a 24 anos, grupo em que aumentou importantes 110% entre 2007 e 2017. Acontece que as crianças estão crescendo obesas e levando essa condição para a vida adulta. Dados da OMS contabilizaram, em 2016, 124 milhões de obesos ao redor do globo e outros 213 milhões acima do peso na faixa etária de 5 a 19 anos.  A prevenção, portanto, deve vir do berço – literalmente. Estudos indicam que quanto maior o tempo de amamentação exclusiva, menor a chance de a criança ganhar muito peso na fase pré-escolar. Da mesma forma, pesquisadores apontam que o amplo acesso a frutas e hortaliças na infância está relacionado a uma composição corporal mais saudável, com menos gordura e mais massa magra, ou seja, músculos e ossos. Na outra ponta, o consumo frequente de bebidas e sucos açucarados no começo da infância contribui fortemente para a obesidade, de acordo com inúmeras evidências científicas. Mesmo o suco natural tem culpa no cartório e deve ser liberado, com muita parcimônia, só a partir de 1 ano de idade e limitado até entre os adolescentes – que dirá então dos refrigerantes. Em vez do suco, a recomendação dos especialistas é oferecer a fruta. Veja aqui mais dicas de combate à obesidade infantil.   Para crescer de bem com o peso Preste atenção aos sinais de fome e saciedade da criança para não alimentá-la em excesso, especialmente nos primeiros anos. Não use a comida como recompensa (por exemplo, comer chocolate) ou castigo (comer brócolis). Isso pode dar origem a transtornos alimentares na vida adulta. Sirva as refeições em horários regulares e mantenha o hábito de comer em família. Monte pratos coloridos e variados para oferecer aos pequenos todos os grupos de alimentos. Leve a criançada à feira para conhecer e provar novas frutas e vegetais. Desligue as telas (da tevê, do tablete e do celular) às refeições para que as crianças prestem atenção à comida. Prepare lanches com a menor quantidade possível de industrializados (com bolo e biscoito feitos em casa, vegetais e frutas, sanduíche natural). Limite o tempo de jogos eletrônicos e ponha a criançada para brincar e se exercitar. As associações de pediatras recomendam uma hora de atividade por dia. Por último, zele pelo sono dos pequenos. Estudos mostram que poucas horas dormidas favorecem a obesidade.   Para saber se o peso está adequadoOs parâmetros indicados para avaliação do estado nutricional de pessoas entre 20 e 59 anos incluem o índice de massa corporal (IMC) e o perímetro ou circunferência da cintura. O resultado do cálculo do IMC deve ser analisado segundo a classificação abaixo, definida pela Organização Mundial de Saúde. Para crianças e adolescentes, a avaliação envolve outros parâmetros, além do IMC. Nesse caso, converse com o pediatra que os assiste. IMC Classificação < 18,5 Baixo peso ≥ 18,5 e < 25 Peso adequado ≥ 25 e < 30 Sobrepeso ≥ 30 Obesidade    

23/09/2019
Alimentação

Coração bem cuidado

Apesar dos avanços da ciência na hora de prevenir e identificar problemas de saúde, as doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral,  ainda apresentam as maiores taxas de mortalidade do planeta, especialmente nos países desenvolvidos e nas nações emergentes. No Brasil, causam 300 mil mortes por ano, segundo o Ministério da Saúde. Ocorre que, além dos riscos que já conhecemos – como o tabagismo –, o atual modo de vida, especialmente nas grandes cidades, está ajudando a deixar o coração mais vulnerável. As pessoas são mais sedentárias porque trabalham muito tempo sentadas e se deslocam em veículos automotivos; as crianças dificilmente vão e voltam da escola a pé e trocaram a brincadeira de rua pelos comandos do videogame; a comida caseira, não raro, é trocada por alimentos industrializados e por lanches de arrepiar as artérias. Mas com um pouco de vontade, todos esses hábitos podem ser mudados. Basicamente é preciso se exercitar com regularidade e comer direito, além de se manter longe do tabaco e do excesso de álcool e equilibrar as horas de trabalho ou de estudo com momentos de lazer, reduzindo o estresse.   O impacto do exercício A atividade física regular, quando feita cinco vezes na semana e pelo menos meia hora por dia, não apenas permite um melhor funcionamento do sistema circulatório, como também melhora o metabolismo, contribuindo para reduzir os níveis de colesterol e de glicose no sangue. Além disso, os exercícios ajudam a relaxar corpo e mente, diminuindo o estresse, e evitam o sobrepeso e a obesidade, também considerados fatores de risco cardiovascular por favorecerem o diabetes e a hipertensão arterial.    Prato do bem Já a alimentação deve ser rica em grãos integrais, frutas, vegetais, carnes magras e gorduras boas e, ao mesmo tempo, ter a redução de alimentos processados, gorduras saturadas, açúcar e sódio, inimigos declarados do peito. A grande quantidade de fibras presentes nessa opção confere saciedade por mais tempo, ajudando a manter o peso ideal, atrasa a entrada de glicose nas células e ainda reduz a absorção de gorduras e de colesterol pela corrente sanguínea.   Rotina organizada O controle do estresse é essencial porque esse estado, quando crônico, também agrava fatores de risco para doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, e exerce influência negativa nas demais escolhas que ajudam a blindar o coração. Uma pessoa estressada nem sempre interrompe o trabalho para almoçar e nem acha tempo para se exercitar, por exemplo. Por isso é importante escolher atividades para desestressar – além dos exercícios – e organizar a rotina. Muitas vezes, acordar 15 minutos mais cedo pode ser a diferença entre um dia caótico e um dia tranquilo.   O papel do médico Essas mudanças estão ao alcance de qualquer pessoa, mas não custa lembrar que algumas condições que afetam o coração são silenciosas e requerem uma avaliação clínica para que sejam descobertas e tratadas. É o caso da hipertensão arterial, do colesterol elevado e do próprio diabetes. Pelo menos uma vez por ano, portanto, ainda que você não esteja sentindo nada, marque uma consulta para uma avaliação clínica geral e faça os exames laboratoriais solicitados na oportunidade. Com isso, o cerco às doenças cardiovasculares fica completo.

19/08/2019
Alimentação

Conheça dez benefícios de amamentar

O leite materno tem tudo de que o bebê precisa para ficar saudável e bem alimentado. Mas os benefícios de amamentar vão ainda mais longe. A DaVita selecionou uma dezena de motivos para as mães se dedicarem com afinco a essa nobre tarefa, pelo maior tempo possível. Afinal, quanto mais meses de amamentação, melhores os resultados para todo o núcleo familiar. Não custa lembrar que a Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno até 2 anos de idade ou mais, com exclusividade nos primeiros seis meses e, depois, com o complemento de outros alimentos. Permite que o bebê ganhe peso na medida certa e que a mãe perca peso. Segundo os especialistas, para produzir um litro de leite, o organismo da mulher gasta cerca de 700 calorias, o que contribui para a perda dos quilos adquiridos durante a gestação num ritmo acelerado. Já o bebê tem um ganho de peso adequado com o leite materno, nada a mais, nada a menos. Isso ocorre porque a quantidade de gordura do alimento varia durante a amamentação e chega a seu ponto máximo perto do fim de cada mamada, saciando a criança e levando-a a parar naturalmente, ao contrário do que ocorre com as fórmulas artificiais – a saciedade pode demorar mais para ocorrer, fazendo o bebê mamar além do necessário porque o nível de gordura é sempre o mesmo. Protege a criança contra alergias, infecções respiratórias e diarreias. Por conter inúmeros fatores imunológicos que atuam contra agentes infecciosos e ajudam a evitar respostas inflamatórias exageradas – as reações alérgicas –, o leite materno literalmente funciona como um elixir de prevenção para o bebê. Conforme um estudo da Organização Mundial de Saúde, a redução de diarreias em crianças amamentadas, em comparação com as não amamentadas, chega a 63% nas menores de 6 meses, enquanto a redução de pneumonias alcança um terço naquelas com menos de 2 anos. A chance de desenvolver rinite alérgica também cai 21% nos cinco primeiros anos de vida de quem mama no peito. Contribui com o desenvolvimento intelectual da criança. O leite materno é composto de substâncias que ajudam os neurônios a se desenvolverem e a fazerem conexões entre si, ou sinapses, nos três primeiros anos de vida – ocasião em que 90% das sinapses cerebrais de um indivíduo ocorrem. Estudos neozelandeses e irlandeses também mostram que crianças amamentadas exclusivamente até os 6 meses de idade apresentam melhor desempenho escolar. Semelhante conclusão foi encontrada em um trabalho publicado na revista científica Lancet, em 2015. Crianças e adolescentes que receberam leite materno demonstraram um resultado no teste de quociente de inteligência (QI) 3,4 pontos maior que o dos não amamentados.  Ajuda a prevenir diabetes tipo 2, sobrepeso e obesidade nas diferentes etapas da vida. Crianças que mamam no peito têm uma redução de 26% no risco de ficar com sobrepeso ou obesidade na infância, na adolescência e na vida adulta, assim como uma diminuição de 35% no risco de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo dos anos, segundo um estudo publicado em 2015 no suplemento científico Acta Paediatrica. Quando submetido a aleitamento exclusivo até os 6 meses de idade, o bebê não ingere calorias extras, que são dispensáveis nessa fase do desenvolvimento infantil, e não ganha mais peso do que deveria. Ademais, o leite materno possui substâncias que contribuem para regular o apetite e o metabolismo dos alimentos por toda a vida. Ajuda a fortalecer a mandíbula e demais estruturas craniofaciais do bebê. A amamentação é essencial para o desenvolvimento oral e facial dos pequenos. Isso porque, ao sugar o leite, o bebê exercita a boca, os dentes, os músculos da face, a mandíbula e o maxilar. De acordo com um estudo publicado em 2015 no Acta Paediatrica, dois terços das irregularidades nos encaixes dos dentes de leite poderiam ser evitados apenas com o aleitamento materno. Em outro trabalho, que saiu no jornal BMC Public Health, em 2012, os pesquisadores observaram que crianças que receberam leite materno por 12 meses ou mais apresentaram melhor função da mastigação que as amamentadas por menos tempo. Ajuda a mulher a se recuperar no pós-parto e funciona como método anticoncepcional temporário. O aleitamento materno contribui para que o útero reassuma seu tamanho normal de forma mais rápida, evitando sangramentos muito intensos e uma consequente anemia. Como se não bastasse, ao amamentar exclusivamente e de forma regular nos primeiros seis meses, a mulher não ovula nem menstrua. Contudo, à medida que as mamadas vão sendo espaçadas, por conta da alternância com outros alimentos, os ciclos menstruais retornam, juntamente com a necessidade de usar um método contraceptivo caso não haja o desejo de uma nova gravidez. Vale pontuar que especialistas recomendam 18 meses de intervalo entre dois partos. Um parto antes desse período apresenta riscos de prematuridade, baixo peso ao nascimento e desenvolvimento abaixo do normal dentro do útero.  É fator de proteção contra o câncer de mama e outros tumores femininos. Uma vez que não tem ciclos menstruais durante a amamentação exclusiva, a mulher não fica exposta ao estrógeno, hormônio associado ao câncer de mama. Além disso, quando o bebê suga o leite, promove uma esfoliação do tecido mamário, contribuindo para a renovação celular local. De fato, conforme um grande estudo publicado pela Lancet em 2001, que envolveu mais de 146 mil mulheres de 30 países, o risco de desenvolver o tumor de mama cai 4,3% a cada 12 meses de aleitamento. Quanto mais filhos amamentados, portanto, maior a proteção. Em outro trabalho publicado pela Lancet em 2016, os autores calcularam que a amamentação evita 19 mil mortes por câncer de mama a cada ano em 75 países de média e baixa renda, além de terem estimado que mais 22 mil mortes poderiam ser prevenidas se o aleitamento se prolongasse por 12 meses, nas nações mais ricas, e por 24 meses, nas mais pobres. A prática ainda constitui um fator protetor contra o câncer de ovário – estima-se uma redução de 2% no risco da doença a cada mês de amamentação – e contra o câncer de endométrio (mucosa que recobre a parte interna do útero).  Reduz o risco de diabetes tipo 2 na mulher. Para fabricar o leite, o organismo retira diariamente 50 gramas de açúcar da circulação. A mulher que amamenta também tem um expressivo gasto calórico para amamentar. Por fim, existem evidências de que a prolactina, o hormônio que circula no corpo durante a fase de aleitamento, preservaria as células betapancreáticas, justamente as que fabricam insulina, o hormônio encarregado de captar a glicose da circulação e nutrir as células. A combinação desses mecanismos ajuda a explicar por que o risco de desenvolver diabetes tipo 2 cai quase pela metade nas mulheres que amamentam por pelo menos seis meses, de acordo com os achados de um estudo publicado no jornal Jama Internal Medicine, o qual acompanhou 1.238 mulheres por 30 anos. Constrói laços de afeto entre mãe e bebê. Durante a amamentação, o vínculo entre a mãe e bebê aumenta por conta do contato visual e da pele entre ambos. Como a criança tem dificuldade para focar imagens a distância, a posição em que fica na hora da mamada, a cerca de 30 centímetros do rosto materno, permite que contemple perfeitamente a mãe, o que contribui para fortalecer esse laço. O afeto cresce também porque, quando o bebê está mamando, o leite é ejetado por ação da ocitocina, o hormônio do amor, cuja liberação causa profundo relaxamento e boas sensações na mulher. Os especialistas afirmam que esse vínculo colabora para facilitar as relações dos pequenos com outras pessoas no futuro. Economiza dinheiro e recursos naturais. Já pensou nisso? Há pesquisas da Associação Americana de Pediatria que indicam que mães que amamentam exclusivamente nos primeiros seis meses de vida do bebê deixam de gastar mil dólares entre compra de fórmulas infantis e mamadeiras. Isso no âmbito pessoal. Mas, no público, um estudo publicado na Lancet em 2016, apontou que um aumento de apenas 10% nas taxas de aleitamento materno até os 6 meses de idade ou de amamentação continuada por até 12 ou 24 meses seria capaz de reduzir em 1,8 milhão de dólares os custos anuais dos tratamentos de doenças em crianças no Brasil. Além de fazer diferença nas contas da saúde pública, toda essa economia geraria impacto positivo ao meio ambiente, na medida em que os resíduos de latas de leite, mamadeiras, medicamentos e insumos médicos usados em internações deixariam de existir com a prática do aleitamento nessas condições. Portanto, amamentar também é uma prática sustentável.

12/08/2019
Alimentação

O que fazer quando o bebê não quer mamar?

Ao longo da gravidez, a mulher recebe orientações sobre a importância de amamentar, já que o leite materno não apenas nutre o bebê, mas protege contra doenças, estimula o desenvolvimento cerebral e acalma a criança – além de ser extremamente conveniente para a mãe. Tudo perfeito na teoria, não fosse por um pequeno detalhe que pode acontecer logo após o nascimento: o bebê se recusa a mamar. O que fazer? Muita calma nessa hora. Segundo os especialistas, a criança chega ao mundo com uma reserva alimentar para os primeiros dois a três dias. Portanto, pode estar simplesmente cansada do esforço do parto, assim como a mãe. Nesse caso, o mais aconselhável é mesmo aconchegá-la e acalmá-la.  Mesmo assim, é preciso tentar de novo, quantas vezes forem necessárias. Em primeiro lugar, convém verificar se a pega está adequada. A criança tem de ficar virada de frente para a mãe, barriga com barriga, e ser estimulada a abrir a boca. Com a mão em formato de letra cê – e nunca com os dedos em forma de tesoura –, a mãe deve levar o peito à boca aberta da criança, de modo que ela abocanhe a aréola, justamente a parte em que há mais leite. Assim, o bebê não precisa fazer tanto esforço e mama sem machucar a mãe. Problemas e soluções para a hora de amamentar Mas pode não ser tão simples. Quanto mais a fome aumenta, mais o pequeno fica agitado – e, não raro, mais a mãe se desespera. Uma boa dica é ordenhar um pouco de leite num copinho bem pequeno – geralmente há desses utensílios na maternidade – e oferecer o líquido devagar na boca do bebê. E, então, recomeçar o processo. Com o estômago forrado, a chance de a mamada ser bem-sucedida cresce.  Outra possibilidade é a de o bebê não dar conta da rapidez com que o fluxo de leite jorra, apesar da fome. Nessa situação, ele começa a mamar e engasgar, acabando por ficar com medo de tentar de novo. Para evitar o desconforto, há necessidade de retirar um pouco do leite para que a ejeção não seja tão forte.   A obstrução do nariz por secreção também pode atrapalhar, assim como a falta de força para sugar. No primeiro caso, recomenda-se limpar as narinas do bebê antes da mamada e, no segundo, dar o leite ordenhado num copinho até que ele ganhe peso e fique mais forte. Bicos e chupetas não são recomendados, uma vez que podem atrapalhar a sucção. Se a criança conhecer a mamadeira, aumentará a probabilidade de ela não querer o peito. Vale ponderar que a recusa, quando acompanhada de sintomas como vômitos, diarreia e sonolência excessiva, entre outros, deve ser tratada como emergência médica, pois indica que o bebê pode estar doente.  Por outro lado, na ausência de sinais preocupantes, a persistência do insucesso não deve levar a mãe a desistir dessa empreitada tão importante para a saúde da criança. Hoje há consultores em amamentação e bancos de leite que podem ajudar. Acima de tudo, conte com o apoio do pediatra.

05/08/2019
Alimentação

Saiba a diferença entre o bom e o mau colesterol

Quem já passou de 20 anos e vai ao médico periodicamente já deve ter feito um exame de sangue para medir o colesterol, uma gordura que integra a membrana de todas as células e que, quando em excesso na circulação, pode causar doenças cardiovasculares. A maior parte do colesterol que se encontra no organismo é produzida pelo fígado porque essa substância cumpre papel fundamental para a saúde celular. O restante vem da alimentação, sobretudo de alimentos de origem animal, como leite e derivados, ovos e carnes, a vermelha principalmente.  Para distribuir colesterol a todas as células, existem duas lipoproteínas, uma de baixa densidade, denominada LDL-colesterol, cuja sigla, LDL, vem de low density lipoprotein, e outra de alta densidade, HDL-colesterol, sendo a sigla HDL referente à expressão high density lipoprotein.  O LDL é o mais importante transportador dessa gordura pela circulação. Contudo, quando está elevado, acaba depositado nas paredes dos vasos sanguíneos, estreitando seu calibre ou obstruindo-os. Ocorre que, junto com outras substâncias, ele forma placas, que podem se romper e provocar graves problemas cardiovasculares: se a ruptura ocorrer numa artéria do coração, por exemplo, há risco de infarto agudo do miocárdio; se for em um vaso cerebral, de acidente vascular cerebral.  Em vista dessa associação nada fortuita, o LDL ganhou a alcunha de mau colesterol e, para conviver pacificamente com ele, espera-se que sua concentração no sangue esteja sempre abaixo dos valores de referência. Isso, porém, é determinado de forma personalizada pelos médicos, conforme o risco cardiovascular de cada paciente.  Já o HDL executa ação contrária à do LDL, removendo o colesterol abundante na circulação e transportando-o de volta para o fígado, o que resulta num efeito protetor para as artérias do coração e do cérebro, particularmente. Assim, o HDL figura como o bom colesterol nessa história, devendo ficar sempre acima de 40 mg/dL, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia.     Como reverter o colesterol LDL alto e melhorar os níveis do HDL   A prevenção cardiovascular baseia-se na manutenção do LDL e HDL na medida certa, assim como em dieta adequada, perda de peso, prática de exercícios físicos, entre outros. Quem fuma também deve rever esse hábito. A escolha de alimentos com baixo índice de colesterol pode fazer uma grande diferença na redução da concentração do LDL, enquanto a atividade física é a medida que mais tem impacto no aumento do HDL, sobretudo as modalidades aeróbicas, como caminhada, ciclismo e corrida. Contudo, quando a pessoa já está com um nível bastante elevado de LDL e, mesmo com exercícios e dieta, não consegue bom resultado, podem entrar em cena medicamentos para diminuir especificamente esse tipo de molécula, os quais – é importante frisar – devem ser associados com as demais medidas para o controle do colesterol pelo tempo determinado pelo médico.  As estatinas são os remédios mais usados para reduzir o LDL, mas já existem novidades nessa seara, como os inibidores da proteína PCSK9, que degrada receptores do mau colesterol no fígado. Se essa proteína deixa de trabalhar, o LDL em excesso consegue sair da circulação e voltar a seu ponto de partida. Essa nova classe de fármacos costuma ser prescrita para quem não responde às estatinas e a outros medicamentos convencionais, bem como a portadores de hipercolesterolemia familiar, na qual a elevação do colesterol deriva de mutações em genes, aumentando muito o risco de doenças cardiovasculares. Antes de pensar em tratamento, no entanto, há um longo caminho pela frente, que começa com uma consulta com um médico, mesmo que você já tenha ido antes, e pode terminar simplesmente em ajuste da dieta e prática de atividade física. Dê logo esse primeiro passo. A queda do LDL na mira Conforme o risco cardiovascular de cada paciente, o médico determina a meta do LDL-colesterol, que deve ser atingida com dieta e perda de peso e, quando isso não for suficiente, também com medicamentos: Risco cardiovascular: Meta de LDL: Indivíduos com risco baixo Abaixo de 130 mg/dL Indivíduos com risco intermediário Abaixo de 100 mg/dL Indivíduos com risco alto  Abaixo de 70 mg/dL Indivíduos com risco muito alto Abaixo de 50 mg/dL Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia   O que mudar na alimentação para baixar o colesterol Para quem não apresenta alto risco cardiovascular, como uma pessoa que já sofreu um AVC ou que tem hipercolesterolemia familiar, é possível, sim, diminuir os níveis do LDL no sangue com mudanças na dieta. Além de dobrar a ingestão de fibras, na forma de grãos, cereais integrais, frutas e vegetais, vale a pena promover as seguintes trocas:   Em vez de: Fique com: Pão, arroz e macarrão comuns Pão, arroz e macarrão integrais Leite e derivados integrais Leite e derivados desnatados Carne vermelha Carne branca magra (frango sem pele e peixe) e lombo de porco Snacks e biscoitos Castanhas e nozes Pizza de muçarela Pizza de vegetais (abobrinha, berinjela, escarola) Queijos amarelos Queijo branco, ricota, cottage Frutos do mar Salmão Doces cremosos Frutas in natura ou, no máximo, em compotas Molho branco, quatro queijos Molho de tomate feito em casa Manteiga Margarina com fitoesteróis Chocolate ao leite e branco Chocolate amargo    

05/08/2019
Alimentação

Hábitos saudáveis: mudanças na rotina para ganhar saúde

É verdade que a ciência caminha a passos largos no desenvolvimento de soluções para aumentar a saúde e conseguir a cura para enfermidades que, pouco mais de algumas décadas atrás, soavam como ameaças quase invencíveis. Contudo, ainda não saiu das bancadas dos laboratórios farmacêuticos ou das universidades uma pílula capaz de prolongar a vida do ser humano com qualidade e prevenir a maior parte das doenças. Uma das formas mais efetivas de fazer ao menos uma parcela desse aparente milagre é mesmo a adoção de hábitos saudáveis ou, para quem está longe de andar na linha, a mudança do estilo de vida. Tome-se o exemplo do câncer. Muito embora existam fatores de risco que não podemos mudar, como idade e histórico familiar, os demais são passíveis de modificação. Tanto é assim que a Sociedade Americana de Câncer atribui um terço das mortes por essa causa à manutenção de dietas desequilibradas e à falta de atividade física. Da mesma forma, diversos estudos já demonstraram a associação entre a redução de doenças do coração e a combinação de prática regular de exercícios físicos, adoção da dieta mediterrânea – rica em peixes, castanhas e azeite de oliva extravirgem –, controle do peso e, claro, distância do tabagismo.  Além desses hábitos, outras atitudes, algumas mais trabalhosas, outras menos, estão por trás da manutenção da boa saúde e da prevenção de enfermidades e desequilíbrios orgânicos, ainda que momentâneos. A boa notícia é que muitas vezes uma única mudança pode trazer múltiplos benefícios. Quando dormimos melhor, não só conseguimos ter mais disposição para enfrentar os desafios do dia seguinte, com diminuição do estresse, mas também ajudamos a melhorar o metabolismo e prevenir a obesidade, que, entre outros prejuízos, ocasiona o diabetes, doença associada a eventos cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio. O fato é que a incorporação cotidiana de hábitos saudáveis tem um efeito positivo sistêmico no organismo. Converse com seu médico e comece agora mesmo a trabalhar pela sua saúde. Caso precise de ajuda, procure ainda apoio psicológico.   Dicas para manter a saúde Não fume.  O cigarro tem cerca de 4.700 substâncias nocivas e está implicado com problemas cardiovasculares, diversos tipos de câncer e afecções pulmonares, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, entre outras.   Pratique exercícios físicos.  A Organização Mundial de Saúde recomenda um mínimo de 150 minutos de atividade física moderada por semana. Sempre que possível, vá até os lugares caminhando ou pedalando. Exercícios físicos regulares ajudam a perder peso, elevam a autoestima, evitam doenças e melhoram o humor.   Coma alimentos saudáveis. Opte por comida de verdade, preparada em casa, com alimentos in natura. Produtos processados, como preparações congeladas, macarrão instantâneo, mistura para sopas e bolos, molhos e temperos prontos, ou ultraprocessados, a exemplo de embutidos, linguiça e nuggets, carregam muito sal, açúcar e gorduras nocivas para o organismo.   Reduza o consumo de sal. O excesso de sódio, presente no sal, está relacionado com a hipertensão arterial e com a doença renal crônica. Leia os rótulos dos produtos, evitando levar os ricos em sódio, e troque parte do sal nas receitas por ervas. Importante: não leve o saleiro à mesa.   Beba água. Os especialistas preferem usar, como parâmetro, não quantidade de litros ou copos, mas um volume suficiente para deixar a urina amarelo-clara. Só evite a ingestão de água e outros líquidos durante as refeições para não dilatar o estômago e acabar comendo mais do que você realmente necessita.    Evite refrigerantes. Fuja mesmo dos que não levam açúcar e prefira comer as frutas a transformá-las em sucos. O organismo demora mais a metabolizar a sacarose das frutas em pedaços, postergando a sensação de saciedade, e as fibras ingeridas ajudam o intestino a funcionar.   Aliás, consuma fibras. Homens devem ingerir 34 gramas e mulheres, 28 gramas, segundo a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes. Além das frutas, as fibras estão nos vegetais e nos grãos integrais. São importantes para a saúde do aparelho digestório, ajudam a baixar o colesterol e a controlar o peso e contribuem para prevenir o câncer de intestino.   Evite bebidas alcoólicas. Não dá para falar em sinal verde em matéria de álcool, dados os prejuízos do alcoolismo à saúde física e mental do dependente e de seu núcleo familiar, mas o vinho tem alguma qualidade nessa seara, uma vez que possui o resveratrol, um antioxidante que protege contra doenças cardiovasculares. Contudo, não ultrapasse um cálice por dia.    Lave as mãos. É imprescindível manter esse hábito, especialmente antes de comer e cozinhar, bem como após usar o banheiro, para evitar a contaminação com possíveis agentes infecciosos.   Controle o estresse.  Um dos fatores vitais nesse sentido é administrar bem o tempo, dividindo-o melhor entre atividades de trabalho, de lazer e da rotina em casa. Ademais, encontre uma válvula de escape. A atividade física costuma dar conta desse recado e ainda acrescenta outros benefícios.   Cuide de seus vínculos afetivos e sociais. Mantenha um círculo de pessoas, amigos e parentes, com quem possa contar para dividir seus problemas, comemorar suas conquistas e se distrair.   Durma bem.  A falta de sono altera o metabolismo e pode acabar resultando em sobrepeso e resistência à insulina, hormônio que coloca a energia para dentro das células, com consequente risco de evolução para o diabetes. Para se dar bem com o travesseiro, não coma demais à noite nem se exercite antes de dormir. Quando for para a cama, desligue todos os eletrônicos e diminua a luminosidade do quarto, bem como os ruídos.   Use filtro solar. O protetor deve ter FPS 30, no mínimo, para pessoas de pele clara, e FPS 15, no mínimo, para pessoas afrodescendentes. Além disso, a exposição ao sol deve ocorrer nos horários de menor radiação ultravioleta (antes das 10 horas da manhã e depois das 16 horas).   Vá ao médico periodicamente. Faça um check-up de saúde uma vez ao ano ou conforme recomendação médica. Caso tenha algum sintoma no intervalo entre uma consulta e outra, procure seu médico ou um serviço de emergência.

01/08/2019
Prevenção

O que causa a icterícia?

Amarelo. Essa é cor que predomina na icterícia, um sintoma de diversas doenças, e não uma condição patológica em si, que tinge pele, mucosas e o branco dos olhos (denominado esclera). O aspecto amarelado provém da elevação não natural de um pigmento na corrente sanguínea, a bilirrubina, que resulta da morte dos glóbulos vermelhos do sangue.  Numa situação de normalidade, o fígado capta esse pigmento da circulação após a morte das hemácias envelhecidas e o processa. Só para ter uma ideia do caráter ininterrupto desse trabalho, as células vermelhas se renovam a cada 120 dias. Após ser metabolizada, a bilirrubina fica armazenada nas vias biliares e é excretada pelo intestino, juntamente com a bile.  Numa situação anormal, porém, ou a quantidade de bilirrubina produzida ultrapassa a capacidade de processamento do fígado devido à destruição acelerada de glóbulos vermelhos ou, então, o metabolismo do pigmento está prejudicado por alguma alteração no fígado ou nas vias biliares. Bilirrubina que não sai do corpo Na prática, o fígado pode ficar com a capacidade comprometida de captar a bilirrubina e de processá-la em decorrência de hepatites causadas por vírus, por medicamentos, alcoolismo, de cirrose hepática, febre amarela e enfermidades genéticas raras, como na Síndrome de Crigler-Najjar e na Síndrome de Gilbert.  Já a degradação anormal dos glóbulos vermelhos ocorre em anemias hemolíticas, em que há destruição aumentada e precoce dessas células, com destaque para a anemia falciforme, e também em doenças infecciosas, como a malária, o que faz aumentar bastante a quantidade do pigmento na circulação, sem que o fígado possa dar conta do volume de trabalho.  Por fim, a bilirrubina, após ser metabolizada, pode não encontrar o caminho livre nas vias biliares, rumo ao intestino. Isso ocorre no cálculo biliar, ou pedra na vesícula, em tumores ou estreitamentos nessa região, bem como na colangite biliar primária, uma doença autoimune na qual o organismo produz autoanticorpos que inflamam e obstruem as vias biliares.  O fato é que, em todas essas condições, o pigmento não consegue sair e acaba se acumulando na pele, nas mucosas e nos olhos.    O que há por trás do amarelo da icterícia Por ser um sinal clínico aparente, a presença de icterícia pode levar naturalmente a uma consulta médica, em especial se estiver acompanhada de outras manifestações ligadas ao aumento de bilirrubina, como urina escura, fezes esbranquiçadas e coceira, que muitas vezes chamam mais a atenção do paciente que o tom da pele.  A história clínica já fornece ao médico pistas para ele suspeitar de alguma das doenças que causam icterícia, mas a investigação inicial não prescinde de exames de sangue para medir a quantidade de bilirrubina e de glóbulos vermelhos, bem como para avaliar a função hepática. A partir dos resultados, outros testes geralmente são necessários para o diagnóstico. A elevação de determinadas enzimas do fígado, por exemplo, pode sugerir inflamação e levar o médico a pesquisar as hepatites virais.  O tratamento visa a combater a causa da icterícia que, uma vez removida, termina de vez com a manifestação amarelada. Contudo, os especialistas também recomendam outras medidas de proteção, como o aumento da hidratação corporal, a restrição de alimentos gordurosos e o uso de anti-histamínicos para combater a coceira.   Ficar amarelo não é normal. Ainda que não sinta nada, procure esclarecimento médico. Meu bebê está com icterícia. E agora? A icterícia neonatal costuma surgir em até 60% dos bebês, em geral no terceiro dia de vida, sendo detectada pelo exame clínico e confirmada pela dosagem de bilirrubina no sangue. Mas, na grande maioria das vezes, decorre de uma imaturidade da função do fígado, que não consegue dar conta de metabolizar o pigmento – por isso mesmo, recebe o nome de icterícia fisiológica (função habitual do organismo). A condição não costuma preocupar, mas precisa de controle para evitar complicações, o que é feito com fototerapia ainda na maternidade. Quando não fisiológica, pode derivar de incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê, síndromes genéticas, obstruções nas vias biliares, anemias hemolíticas e infecções por vírus e bactérias, entre outras causas pouco frequentes nesse grupo.

08/07/2019
Alimentação

Alergia alimentar: conheça causas e sintomas

É muito frequente encontrar pessoas alérgicas, já que pelo menos 30% da população brasileira apresenta algum tipo de alergia, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). A doença consiste na resposta exagerada do sistema de defesa a um alérgeno, seja ele a poeira doméstica ou os polens, nos casos de alergia respiratória, seja a proteína de determinado alimento, no caso de alergia alimentar. Afetando 6-8% das crianças e 2-3% dos adultos, de acordo com a Asbai, a alergia alimentar é uma reação adversa que ocorre depois da ingestão de determinados alimentos ou aditivos alimentares. Pode desencadear manifestações na pele, no sistema respiratório e no sistema digestório ou, ainda, envolver vários órgãos, culminando no que se chama de reação anafilática, uma condição grave, que precisa ser revertida imediatamente.  Todo alimento tem potencial de causar alergia, porém os mais envolvidos com esses quadros são o leite de vaca, o ovo, a soja, os crustáceos, o trigo e os peixes. Além disso, há possibilidade de reações cruzadas. Quem sabidamente é alérgico a camarão pode não tolerar mariscos, ostras e afins. Do mesmo modo, a sensibilidade ao amendoim não raro se estende a grãos como soja, ervilha e feijões.  A reação adversa a conservantes, corantes e outros aditivos alimentares ocorre mais raramente, mas deve ser valorizada. Entre os agentes mais comuns desse grupo, vale destacar o corante tartrazina, usado em sucos artificiais, gelatinas e balas, assim como o glutamato monossódico, que entra em alimentos salgados, a exemplo de temperos, e os sulfitos, que conservam frutas desidratadas, vinhos e sucos, além de serem adicionados a alguns medicamentos.   A reação alérgica ocorre sempre logo depois de ingerir o alimento? O diagnóstico costuma ser feito pelo alergista por meio de um completo detalhamento da história do paciente, que inclui o relato dos alimentos ingeridos de forma rotineira e eventual para que o médico possa associar sintomas à ingestão, bem como do exame físico. Nas crianças, os casos envolvem principalmente leite e ovo, enquanto, nos adultos, o camarão é o maior implicado. De qualquer forma, nem sempre as reações ocorrem logo após o consumo, o que dificulta a identificação da doença. Para ajudar a esclarecer o quadro, o especialista pode pedir testes alérgicos cutâneos e exames de sangue. O tratamento consiste no uso de anti-histamínicos para controlar os sintomas e na retirada, da dieta, do alimento que provoca alergia, sempre com o cuidado de substituí-lo adequadamente para evitar deficiências nutricionais – o que é crucial em crianças para evitar prejuízos a seu pleno desenvolvimento. O paciente e os familiares são orientados para que evitem novos contatos com o agente causador da alergia e para que se habituem a ler rótulos em busca da presença do alimento e de nomes associados, como, ainda no caso do leite, manteiga, soro, lactoalbumina ou caseinato.  Essa missão foi simplificada com a resolução RDC 26/2015, da Anvisa, que determina que os fabricantes informem, no rótulo dos produtos, a existência de até 17 alimentos potencialmente causadores de alergia. A mesma norma também exige que os rótulos exibam avisos de que podem conter traços desses alimentos. Isso porque há industrializados que, mesmo sem ter nenhum deles, são fabricados em máquinas que processam produtos que levam efetivamente tais itens em sua composição. Um biscoito feito com água, farinha e sal, por exemplo, pode ser produzido no mesmo maquinário que um outro, composto de ovos e leite, tendo, portanto, possibilidade de contaminação cruzada.     O que fazer quando a alergia ocorre por exposição acidental? Apesar dos cuidados, excluir totalmente um item da dieta não é missão fácil e a exposição acidental acaba acontecendo com muita frequência, de acordo com os especialistas. Nesses casos, as reações leves podem ser controladas com os anti-histamínicos ou até desaparecerem espontaneamente. Contudo, para o grupo com histórico de reações mais graves, recomenda-se até andar com medicamentos próprios para a reversão dos sintomas – um autoinjetor de adrenalina. Mesmo assim, essas pessoas devem ser encaminhadas para um serviço médico após a exposição porque há risco de uma segunda reação tardia. Felizmente, o prognóstico costuma ser bom na alergia alimentar. Segundo a Asbai, cerca de 85% das crianças deixam de reagir à maioria dos alimentos que lhes causa alergia entre os 3 e os 5 anos, sobretudo ovos, leite, trigo e soja, que, afinal, estão nos produtos industrializados e nos cardápios mais comuns. Para tanto, o especialista vai fazendo a reintrodução gradual do alimento. Já a sensibilidade a amendoim, nozes, crustáceos e peixe costuma permanecer pela vida toda.   Como prevenir a alergia alimentar na primeira infância? Por se tratar de uma doença que afeta crianças, parece razoável identificar quem pode ter esse quadro, em especial na primeira infância, quando o leite de vaca responde por grande parte da dieta. Mas, na prática, a preocupação deve existir justamente em famílias de alérgicos, já que, segundo a Asbai, de 50% a 70% dos pacientes com alergia alimentar têm parentes com o mesmo problema. Além disso, se tanto o pai quanto a mãe apresentarem qualquer tipo de condição alérgica, a chance de gerarem um filho com alergia alimentar chega a 75%. Nesse grupo, portanto, os especialistas estimulam ainda mais o aleitamento materno, assim como a introdução tardia dos alimentos mais associados a quadros de alergia: sólidos somente após o sexto mês de vida, leite de vaca após 1 ano de idade, ovos aos 2 anos e amendoim, nozes e peixes apenas depois dos 3 anos.    Se você suspeita de alguma ligação entre a ingestão de alimentos e reações adversas, procure um alergista para esclarecer o quadro. Conheça os sintomas da alergia alimentar Reações na pele: placas salientes na superfície do corpo (urticária), inchaço, coceira e inflamação cutânea (dermatite atópica). Reações gastrointestinais: diarreia, vômitos, dor no abdome e, nas crianças, perda de sangue nas fezes, com consequente anemia e atraso no crescimento. Reações respiratórias: tosse, chiado no peito e rouquidão. Raramente, pode haver obstrução nasal. Reação anafilática: coceira generalizada, inchaço, dificuldade respiratória, diarreia e vômitos, dor abdominal, aperto na garganta e no peito, queda da pressão arterial, descompasso dos batimentos cardíacos e incapacidade do sistema vascular de irrigar todos os tecidos do corpo (choque vascular).  

01/07/2019
Prevenção

Teste de pezinho

Mais do que um diagnóstico, a oportunidade de viver plenamente Além do teste de Apgar, no qual o recém-nascido é avaliado quanto a fatores como frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, prontidão reflexa e cor da pele, nas horas seguintes ao nascimento o bebê passa por outras avaliações, algumas obrigatórias, outras recomendadas. Entre as obrigatórias está a triagem neonatal, mais conhecida como teste do pezinho. O exame consiste na coleta, em papel-filtro, de algumas gotinhas de sangue do calcanhar do bebê entre o terceiro e o quinto dia de vida – tempo necessário para o organismo do pequeno já estar trabalhando sozinho. O objetivo é pesquisar doenças congênitas importantes, que causam prejuízo à saúde física e mental da criança, antes mesmo que ela possa apresentar sintomas, e permitir que os médicos possam intervir em tempo hábil.  Na rede pública, o teste está disponível gratuitamente desde 1992 e investiga seis doenças, as mais prevalentes na população de neonatos: o hipotireoidismo congênito, a fibrose cística, a anemia falciforme e outras hemoglobinopatias, a fenilcetonúria, a hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de biotinidase. A amostra é enviada para um serviço de referência nesse tipo de análise. Em São Paulo, vai para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), entidade que implementou o método no Brasil em 1976. Se houver alguma alteração na triagem, a família é reconvocada para que o bebê realize um exame específico para a condição suspeita, a fim de confirmá-la ou afastá-la. Uma vez fechado o diagnóstico, o pediatra consegue estabelecer a conduta rapidamente, o que, para as crianças, pode fazer toda a diferença entre um desenvolvimento normal e algum grau de atraso físico ou mental. Num caso de fenilcetonúria, por exemplo, a terapêutica consiste na adoção de uma dieta com baixo teor de fenilalanina, aminoácido presente em alimentos proteicos. As crianças que nascem com a doença acumulam essa substância e, sem a instituição da dieta alimentar antes dos 3 meses de vida, acabam apresentando atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência intelectual, hiperatividade ou autismo, convulsões e problemas de pele. Ainda que o portador da condição precise passar a vida controlando o que ingere e recorrendo a fórmulas especiais, ter uma informação como essa logo ao nascer representa um benefício inestimável, que justifica a realização do rastreamento em todos os recém-nascidos.  Teste do pezinho ampliado: qual a diferença? É com esse raciocínio que a rede particular vem oferecendo, há algumas décadas, versões ampliadas do teste, que rastreiam de 10 a 53 condições graves ao nascimento, entre afecções metabólicas, congênitas e infecciosas. Recentemente, as triagens passaram a incluir ainda a pesquisa de alguns defeitos inatos da imunidade, denominados imunodeficiências primárias, que, em geral, apresentam um prognóstico muito ruim quando identificados tardiamente. Embora essas enfermidades sejam – felizmente – pouco frequentes, o diagnóstico e o tratamento precoce de qualquer uma delas muda o destino da criança, dando-lhe uma oportunidade de viver com saúde e quase sem limitações.  Caso faça planos de aumentar a família ou já esteja prestes a receber um herdeiro, não deixe de conversar com seu médico sobre as opções disponíveis de triagem neonatal. Quais são as doenças rastreadas pelo teste do pezinho? Anemia falciforme e outras hemoglobinopatias: alterações anormais da hemoglobina, proteína que transporta o oxigênio no sangue, as quais dificultam a circulação e a devida oxigenação das células. Podem causar atraso no crescimento e infecções generalizadas. Exigem acompanhamento frequente de uma equipe multidisciplinar para a adoção de medidas terapêuticas conforme cada necessidade, como transfusões.  Deficiência de biotinidase: doença metabólica caracterizada por um defeito da enzima biotinidase, que responde pela absorção da biotina dos alimentos, vitamina presente em diversos alimentos da alimentação normal. Quando não corrigida, ocasiona distúrbios neurológicos e problemas de pele. Contudo, o tratamento é simples e se baseia no uso diário da biotina. Fenilcetonúria: deriva de um defeito na produção da enzima fenilalanina hidroxilase, que leva o portador a acumular o aminoácido fenilalanina. O diagnóstico precoce permite a instituição precoce da conduta, de modo que, ao deixar o aleitamento exclusivo, o bebê já receba uma fórmula com baixo teor de fenilalanina e, assim, não corra risco de comprometimento neurológico. Fibrose cística: doença genética que afeta o funcionamento das glândulas que produzem muco, suor e enzimas pancreáticas, tornando essas secreções mais espessas, com repercussões importantes para os pulmões, o pâncreas e o sistema digestório. O tratamento consiste no uso de medicamentos, em especial para reduzir as complicações pulmonares e garantir a absorção de nutrientes. Hipotireoidismo congênito: ocorre quando a glândula tireoide do bebê não produz adequadamente os hormônios tireoidianos, T3 e T4, o que, sem tratamento com reposição do hormônio sintético, a levotiroxina, determina danos neurológicos permanentes.  Hiperplasia adrenal congênita: alteração na glândula adrenal, decorrente de defeitos enzimáticos que causam a falta dos hormônios cortisol e aldosterona, fundamentais para o crescimento e o equilíbrio de minerais no organismo. A forma mais grave resulta na perda acentuada de sal, uma emergência em Pediatria. A condição é tratada com glicocorticoides, para resolver a falta de cortisol, e mineralocorticoides, para equilibrar os sais minerais.   

10/06/2019
Prevenção

Vacinar as crianças: proteção que vale para todos

Existe alguma razão para não vacinar a população infantil? Não há, segundo os especialistas, uma justificativa razoável para negar essa prevenção a uma criança saudável, já que os imunizantes ensinam o sistema imunológico a se defender naturalmente dos agentes patogênicos causadores de moléstias infectocontagiosas importantes. Assim, quando o organismo entra em contato com os patógenos, já tem uma memória imunológica que o permite produzir anticorpos para debelar o agente infeccioso. O fato é que a vacinação configura-se como uma estratégia preventiva altamente eficiente, além de evitar que a criança passe pelo sofrimento imposto pela doença, por mais benigna que ela seja – o que, convenhamos, não tem preço. Quem contraiu catapora na infância conhece bem o desconforto de ficar com o corpo coberto de vesículas que doem e coçam, além de deixarem cicatrizes. Do ponto de vista da saúde pública, prevenir sai muito mais barato que remediar. Surtos de doenças infectocontagiosas, num passado não muito distante, abarrotavam as alas pediátricas dos hospitais, onerando o sistema de saúde como um todo. Ademais, quanto mais gente vacinada contra essas enfermidades, menos pessoas são contaminadas mesmo entre aquelas que não foram imunizadas por qualquer motivo, dada a baixa circulação de vírus e bactérias. A proteção, embora pareça individual, estende-se a toda a comunidade. Por conta disso, os especialistas sustentam que não vacinar as crianças é uma negligência, que, ainda por cima, coloca em risco a população de uma determinada localidade, à medida que traz a possibilidade de reintrodução de doenças erradicadas, a exemplo do que ocorreu com o sarampo recentemente. A moléstia havia sido varrida do Brasil em 2016, mas acabou retornando por aqui por conta de um surto não controlado na Venezuela. O caso descortinou uma realidade preocupante: a cobertura vacinal contra essa e outras doenças imunopreveníveis estava baixa em nosso país e nos pegou desprevenidos. Mesmo com as iniciativas do Ministério da Saúde para imunizar as crianças, tivemos 10.374 casos de sarampo entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019, boa parte em bebês de até 1 ano. De olho na carteirinha de vacinação O que já ocorreu, não tem remédio. Agora é correr para deter o crescimento dessa ameaça – que, no mundo todo, já registrou um crescimento de 300% só nos três primeiros meses de 2019, segundo dados da Organização Mundial de Saúde –, além de evitar que o problema se repita com outras enfermidades infectocontagiosas não erradicadas, como tétano, coqueluche e difteria, mas controladas graças ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Se, do lado das autoridades de saúde, isso se faz com a realização de campanhas e o constante incentivo à imunização, do lado do cidadão, basta seguir à risca o Calendário Nacional de Vacinação, conforme cada faixa etária. As vacinas oferecidas pelo programa estão disponíveis em Unidades Básicas de Saúde de todo o território nacional e são gratuitas. Preocupação com segurança na imunização Feitas com partículas de microrganismos, enfraquecidos ou inativados e, portanto, incapazes de provocar infecção, as vacinas mostram-se bastante seguras e passam por muitos testes antes de terem seu uso liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. No Brasil, 96% das doses utilizadas pelo PNI são produzidas dentro do nosso próprio país por instituições reconhecidas por sua qualidade, como o Instituto Butantan (SP) e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (RJ). Os efeitos adversos podem ocorrer, mas geralmente se limitam a dor no local e febre, que cessam com analgésico e antitérmico, respectivamente. É importante assinalar que, na infância, a maioria dos imunizantes requer a aplicação de mais de uma dose e que a criança não fica protegida se receber apenas uma delas – algo que também foi observado na análise das justificativas para a baixa cobertura vacinal dos pequenos durante o surto de sarampo. Portanto, fique atento às demandas do Calendário Nacional de Vacinação e, o principal, não deixe de fazer o seguimento com o pediatra, especialmente nos primeiros anos de vida. Um dos objetivos das consultas de puericultura é também verificar se a criança está sendo vacinada corretamente. A vacina só perde o sentido quando a doença some do mapa Na década de 1950, a varíola figurava ainda como causa de internação e morte de adultos e crianças no Brasil, mas, graças à vacinação em massa, foi erradicada das Américas, em 1971, e do mundo, em 1977. Hoje nem precisamos imunizar as crianças contra essa doença. O Brasil deu cabo da poliomielite da mesma forma, usando a vacina Sabin, aquela administrada por via oral. O último caso foi registrado em 1990 em território nacional. Contudo, como a doença continua existindo em alguns países, a necessidade de imunização permanece, hoje com a fórmula injetável combinada ao reforço com a fórmula oral.  

27/05/2019
Alimentação

Como ter uma boa digestão

O aparelho digestório processa tudo aquilo que ingerimos a fim de obter nutrientes para a manutenção da saúde do organismo. Para garantir uma digestão adequada, e atingir esse precioso objetivo, o primeiro passo é manter uma dieta balanceada, com alimentos de alto valor nutricional, incluindo vegetais, frutas, cereais e proteínas mais magras, como peixe e frango, além de tomar, no mínimo, seis copos de água por dia – de preferência longe das refeições principais, para não dilatar o estômago e gerar uma falsa sensação de saciedade. Isso não quer dizer que alimentos ricos em gorduras e açúcares devam ser totalmente excluídos do cardápio. Tudo depende da frequência, do tamanho da porção e do momento. Encher o prato de feijoada naquela horinha curta que temos para almoçar e voltar para trabalhar pode ser um desafio para o sistema digestório. Vale escolher um dia em que haja mais tempo para comer, sempre em quantidade moderadas.   Dicas para evitar problemas de digestão Outra medida essencial é prestar muita atenção ao que se come e na forma de comer. O almoço, o jantar ou o desjejum não devem ser automáticos, com o olho no celular, na televisão ou na tela do laptop, ou até mesmo durante o trabalho, como tanta gente faz hoje em dia. A digestão depende muito de uma refeição feita paulatinamente, de 20 a 40 minutos, num ambiente tranquilo. Uma das razões dessa necessidade está no fato de o processo digestivo já começar na boca. Portanto, quem engole a comida muito rápido já sai perdendo logo no início do jogo. Ocorre que a mastigação aciona a produção de enzimas presentes na saliva, as amilases salivares, que servem para digerir parcialmente o amido – encontrado em carboidratos, como pão, macarrão e batata, entre outros. Ainda que essas enzimas não digiram outros grupos de alimentos, a mastigação ajuda a triturar os demais alimentos e a facilitar a próxima etapa do processo digestivo, quando o estômago libera a enzima pepsina para quebrar as moléculas de proteína. Assim sendo, mastigar mal um pedaço de carne, por exemplo, dificulta bastante o trabalho da pepsina e prolonga a lembrança daquele suculento bife do almoço. Como, na prática, poucas pessoas pensam em contar as mastigadas em busca da meta de 30 a 50 vezes, de acordo com o que recomendam os especialistas, uma dica para encompridar esse processo é pousar os talheres no prato cada vez que a comida for levada à boca. Isso não só aumenta o tempo entre uma garfada e outra, como também permite prestar mais atenção ao sabor daquilo que está sendo ingerido.   Nada de pular refeições Juntamente com a alimentação e a mastigação adequadas, a manutenção de uma boa digestão ainda depende do fracionamento de refeições: além das principais, em porções reduzidas, deve-se fazer mais três lanchinhos no intervalo entre elas, com frutas in natura ou sementes oleaginosas, como castanhas. Isso ajuda a evitar aquela sensação cortante de fome, que nos leva a comer mais rápido e em maior quantidade do que precisamos na próxima refeição. Deixar de comer no desjejum, no almoço ou no jantar também é um péssimo hábito para a saúde. Sem ingestão alimentar, o estômago continua produzindo suco gástrico, que pode agredir a mucosa e gerar problemas como a gastrite. Como se não bastasse, o organismo entende que vive um período de restrição alimentar e, para poupar energia, diminui o metabolismo. Ainda que sejam reduzidas, portanto, é sempre mais indicado fazer todas as refeições. Tomando esses cuidados, o objetivo de ter uma boa digestão fica ao alcance de todos. Contudo, na presença de azia, empachamento e outras manifestações gástricas, mesmo que discretas, não use antiácidos ou outros remédios, nem se habitue a esses sintomas. Procure a orientação de um gastroenterologista.   O que fazer para seu estômago não reclamar Não fume. Além de prejudicar vários sistemas orgânicos, o cigarro atrapalha a digestão e aumenta o risco de doenças gástricas. Álcool em excesso igualmente ocasiona esses efeitos. Portanto, não fume e beba ocasionalmente, com moderação. Lave as mãos antes de se alimentar e após evacuar para evitar a contaminação por vírus, bactérias e protozoários que podem afetar o estômago e o intestino. Não ande descalço em lugares cujas condições sanitárias sejam desconhecidas, já que vermes podem ingressar em seu corpo pelos pés. E verminoses também cursam com sintomas de má digestão. Não compartilhe escovas de dente, canudos, copos, gargalos, talheres, que podem transmitir, de uma pessoa para outra, agentes patogênicos potencialmente causadores de problemas gástricos. A saúde do sistema digestório exige que outras doenças crônicas que causam impactos ao estômago e/ou intestino estejam controladas, como o diabetes, o hipotireoidismo, a insuficiência cardíaca e infecções, entre outras. Valorize qualquer incômodo gastrointestinal, sobretudo se tiver parentes diagnosticados com câncer de estômago ou câncer de intestino. Não tome nenhum remédio por conta própria. Anti-inflamatórios costumam ser nocivos às paredes gástricas e, quando realmente necessários, somente um médico pode prescrevê-los e orientar a forma correta de ingeri-los. Reduza o estresse na medida do possível, melhore a qualidade do seu sono e saia do sedentarismo. O descontrole desses fatores favorece maus hábitos alimentares e o consequente surgimento de queixas gástricas.

20/05/2019
Alimentação

Diabetes gestacional: diagnóstico, riscos, tratamento

Durante a gravidez, ocorrem diversas alterações hormonais que afetam o funcionamento do organismo da mulher. O metabolismo de carboidratos também se modifica nesse período e reduz a ação da insulina, hormônio encarregado de colocar dentro das células a energia proveniente dos alimentos. Na maioria das grávidas, o pâncreas consegue produzir mais dessa substância para compensar a redução. Contudo, numa parcela estimada pela Sociedade Brasileira de Diabetes em 3% a 25% das gestantes, sobra glicose na circulação, caracterizando o que se conhece por diabetes gestacional. O surgimento da condição, portanto, independe da vigência de diabetes antes da gravidez e pode acometer qualquer mulher, dizem os especialistas. Contudo, alguns fatores aumentam essa possibilidade, como ganho elevado de peso, sobrepeso ou mesmo obesidade na gestação em curso, idade acima de 35 anos, baixa estatura, parentes de primeiro grau diabéticos, crescimento fetal excessivo, pré-eclâmpsia, síndrome dos ovários policísticos e história de aborto espontâneo, malformações e diabetes gestacional em outras gestações. Sem diagnóstico e sem controle, essa forma de diabetes traz riscos para a mulher e para o bebê. A mãe adquire maior chance de se tornar diabética no futuro e de voltar a ter a condição em outra gravidez. Uma vez que a glicose em excesso na circulação atravessa a placenta, o bebê pode nascer com excesso de peso, o que já o predispõe à obesidade na adolescência e na vida adulta, e ainda apresentar complicações importantes ao nascimento, como a queda nos níveis de glicose, já que ele estava acostumado com índices elevados de açúcar no ambiente intrauterino, e dificuldades para passar pelo canal de parto devido ao encaixe do ombro fetal no osso púbico da mãe – a chamada distócia de ombro. Tais complicações, aliadas aos riscos trazidos por essa doença na vida adulta, levaram à criação de um consenso que prevê a investigação do diabetes gestacional já na primeira consulta de pré-natal, seja com um exame de sangue simples para verificar a taxa de glicose, seja com a curva glicêmica, teste em que se mede a glicemia em jejum e após a ingestão de uma solução de glicose, seja com ambos – depende do tempo de início do pré-natal. O fato é que esses testes permitem ao médico diagnosticar a condição ou mesmo saber se o excesso de glicose no sangue já ocorria previamente e, assim, adotar a conduta terapêutica mais adequada. Em geral, o diabetes gestacional pode ser controlado com uma alimentação balanceada e exercícios físicos, na maioria dos casos – aliás, as mesmas estratégias recomendadas para prevenir o diabetes na população geral. Se isso não bastar para manter a taxa de glicose em níveis seguros para a gestante e o bebê, o obstetra tem a opção de associar a tais medidas um tratamento medicamentoso. Faça a sua parte para evitar o diabetes na gestação no dia a dia e compareça assiduamente às consultas do pré-natal. Dicas para ficar longe do diabetes   Controle o ganho de peso, ingerindo, no máximo, de 200 a 300 calorias a mais que uma dieta normalmente recomendada, sobretudo no segundo e terceiro trimestres. Se você não tiver nenhuma contraindicação, pratique exercícios físicos regularmente, sempre com o aval de seu obstetra. Mantenha uma alimentação rica em fibras, que saciam e estabilizam os níveis de glicose no sangue. Elas estão presentes em vegetais, leguminosas (feijão, lentilha) e cereais integrais. Coma frutas ao natural. Como têm muita frutose, transformá-las em sucos ou cremes faz com que a energia desses alimentos seja absorvida muito rapidamente pelo organismo. Procure ingerir os carboidratos sempre com alguma proteína – torrada com queijo, cereal com leite e outras combinações assim – para retardar sua absorção.   Fontes: Sociedade Brasileira de Diabetes Ministério da Saúde

06/05/2019
Alimentação

Como manter uma alimentação saudável na gravidez

Foi-se o tempo em que o fato de estar grávida era desculpa para comer por dois. Com a epidemia de obesidade e de diabetes que assola o planeta, mais do que nunca as autoridades de saúde recomendam uma dieta saudável não desde o berço, mas logo após a concepção. Bebês gerados com alimentos inflamatórios, como o açúcar e a farinha refinada, que se convertem rapidamente em glicose no organismo da mãe, têm maior probabilidade de se tornar adultos obesos e diabéticos, alertam os especialistas, com risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares no futuro. É claro que as necessidades de energia aumentam nesse período, mas, em termos calóricos, não mais do que algo em torno de 200 a 300 calorias por dia, em média, especialmente no segundo e terceiro trimestres – só para ter uma ideia comparativa, seria como acrescentar ao cardápio um copo de leite desnatado e uma porção de salada de frutas. Além disso, há pesquisas que sugerem que a alimentação da mãe pode alterar a função de genes responsáveis por reparar mutações, como um trabalho publicado em 2015 no periódico científico Genome Biology. A oferta de bons nutrientes, segundo esse estudo, garantiria a integridade do material genético do bebê, enquanto a falta deles silenciaria esses genes de proteção, elevando a predisposição a doenças na vida adulta. Em vez de pensar em quantidade, portanto, a gestante deve se preocupar com a qualidade dos alimentos para manter a própria saúde e permitir que o bebê tenha todos os nutrientes de que precisa para seu pleno desenvolvimento. Para tanto, deve ingerir boas fontes de energia, de proteínas, de gorduras boas – com destaque para o ômega-3 –, de vitaminas e de minerais, notadamente o cálcio, que ajuda a construir o esqueleto fetal, e o ferro, que forma a hemoglobina, proteína transportadora de oxigênio no sangue.   Coma sem exageros durante a gestação   De acordo com os especialistas em nutrição, com exceção das bebidas alcoólicas, nenhum alimento está proibido na gravidez, a não ser que o obstetra tenha dado orientações expressas. Contudo, além de reduzir o consumo de carboidratos simples, a gestante só tem benefícios ao excluir da dieta alguns itens. Entre eles, a carne seca e o bacalhau, por conterem muito sódio, bebidas gaseificadas, por estufarem, bebidas estimulantes, por serem ricas em cafeína, e embutidos, por terem muitos conservantes, bem como comidas e sobremesas processadas, pobres em nutrientes e repletas de sódio, açúcar e gorduras nocivas. Por outro lado, há de se ter cuidado para não exacerbar a preocupação com a alimentação, a ponto de transformar os nove meses num regime prolongado, com receio de engordar. Até porque isso vai acontecer de todo jeito. Para mulheres com peso normal ao engravidar, considera-se que um ganho de peso entre 10 e 12 quilos na gestação está dentro do esperado. Assim sendo, uma dieta demasiadamente restritiva, que não permite à gestante ganhar o peso adequado, pode impedir que o bebê receba o aporte necessário para uma vida intrauterina saudável. Na prática, o bom senso, que não significa abrir mão do prazer do comer, deve guiar as escolhas. Veja as dicas dos especialistas e não deixe de pôr esse assunto em discussão logo no início das consultas de pré-natal.   Cardápio da gestante   Divida as refeições ao longo do dia, de três em três horas, mantendo, evidentemente, o almoço e o jantar, sempre com porções moderadas e variedade de cores e sabores.   A mistura de arroz com feijão continua ótima na gestação. Fique com a versão integral do cereal e, para variar, substitua o feijão por outras leguminosas, como soja, grão-de-bico e lentilha, todas ricas em fibras e em proteínas.   Aposte nas frutas e nos vegetais, ótimos aliados dessa fase por conterem, em comum, água, fibras, vitaminas e minerais. Os verde-escuros são fontes de ácido fólico, essencial para a formação do tubo neural do bebê. As frutas ainda têm carboidratos de absorção mais lenta, desde que ingeridas in natura.   Prefira aves, peixes e cortes magros de carne vermelha e ingira-os sempre muito bem cozidos para impedir eventual contaminação por bactérias e protozoários. Especialmente no primeiro trimestre gestacional, convém não consumir preparações cruas da culinária japonesa.   Evite comida industrializada. Esse grupo abrange carnes processadas, como linguiça e salsicha, preparações congeladas, misturas para bolo, sopas em pó, bolacha recheada, macarrão instantâneo, gelatina em pó, sucos artificiais, salgadinhos de pacote e tantos outros desse naipe.   Por mais que o excesso de doce seja prejudicial na gestação, só troque o açúcar de mesa por algum adoçante com o aval de seu obstetra.   Maneire no café e no chocolate, por conta da presença de cafeína nesses alimentos, que deve ser limitada a 300 mg/dia – o equivalente a duas xícaras de expresso.   Consuma diariamente leite e derivados, como queijos e iogurtes, optando pelas versões magras ou desnatadas.   Tome por volta de dois litros de água por dia, mas evite fazê-lo durante as refeições, para evitar azia. A hidratação do corpo contribui para a manutenção da placenta e do líquido amniótico, assim como para o bom trânsito intestinal.   Por último, uma dica prática para reduzir os enjoos: coma alimentos secos assim que acordar, a exemplo de uma bolacha de água e sal ou uma torrada.   Fontes: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica Genome Biology

29/04/2019
Criança

Cuidados com o sono das crianças

Os estímulos da vida moderna estão roubando nossas horas de descanso e também as das crianças. Se, há pouco menos de duas décadas, o sono competia com as atrações da tevê, com o surgimento dos canais com programação exclusiva infantil, agora há sempre uma tela à mão dos pequenos, com inúmeras possibilidades de entretenimento e interação. Some-se a isso o estilo de vida atual. Os pais trabalham até tarde e, quando retornam ao lar, querem compensar o tempo longe dos filhos. O fato é que o dia começa cedo e termina muito tarde para as famílias. Essa rotina tem um preço alto para as crianças. Os especialistas são unânimes em afirmar que a ausência de um sono reparador está associada ao desenvolvimento de problemas de saúde e de comportamento, incluindo baixo rendimento na escola e dificuldades de aprendizado, obesidade infantil, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, queda na imunidade, variações de humor e até depressão. Mas como evitar que a casa se transforme num verdadeiro palco de atrações à noite e a hora de dormir vire uma queda de braço? Diante das tentativas dos pais, a criançada reluta, qualquer que seja a idade. Um não termina a lição sem a ajuda materna; outro não desliga o celular mesmo quando está na cama; o mais novo esperneia ante a possibilidade de ficar sozinho no berço e, algumas horas de protesto depois, vai para a cama dos pais. O segredo para melhorar a quantidade e a qualidade do sono das crianças é apostar desde cedo na chamada higiene do sono, um conjunto de medidas comportamentais e ambientais que ajuda a proporcionar horas bem-dormidas. O processo já deve começar logo na segunda semana de vida do bebê, dizem os especialistas, a fim de prevenir problemas com o travesseiro mais tarde. O melhor é que os adultos insones também podem pôr essa estratégia em prática. Comece hoje mesmo e mantenha o pediatra informado dos resultados.   Higiene do sono: dicas para a criança dormir melhor   Determine um horário para a criança ir para a cama e siga essa rotina mesmo aos fins de semana, com uma variação máxima de 30 minutos.   Estabeleça também um horário para desligar todos os eletrônicos pelo menos 30 minutos antes da hora de dormir. Cuidado para não trocar os aparelhos por brincadeiras muito estimulantes.   Crie um ritual pré-soninho, que já ajuda a criança a entender que chegou a hora de diminuir o ritmo. Tomar banho, escovar os dentes, colocar o pijama e contar história, por exemplo.   Torne o ambiente propício ao descanso. Apague a luz principal do quarto, acenda o abajur e mantenha uma temperatura aconchegante, quentinho quando está frio e fresquinho quando está calor. A casa não precisa ficar em modo silencioso, mas vale baixar os volumes.   Não deixe a criança adormecer em qualquer lugar. Leve-a acordada ao quarto para que ela entenda que tem um cantinho seu só para isso. Assim, se despertar durante a noite, vai pegar no sono sozinha com mais segurança.   Não prolongue o sono da tarde daqueles que ainda fazem a sesta e, durante a noite, não acorde a criança para mamar, a não ser que ela seja muito pequena ou que o pediatra tenha feito essa recomendação.

22/04/2019
Prevenção

Hipertensão: cuidado com o consumo de sal

Provavelmente você já deve ter ouvido por aí que o sal está associado ao aumento da pressão sistólica e diastólica nas artérias e que, em excesso, contribui para o surgimento da hipertensão arterial, condição caracterizada por índices pressóricos iguais ou superiores a 140/90 milímetros de mercúrio – ou 14 por 9 –, que configura importante fator de risco para o acidente vascular cerebral e a insuficiência renal. Essa relação realmente existe e se deve à ação do cloreto de sódio, elemento presente no sal. Ocorre que, quando ingerimos alimentos muito salgados, o sódio se acumula não só na corrente sanguínea, como também nos fluidos que ficam fora das células. Como ele atrai moléculas de água, o organismo passa a reter líquidos para manter o equilíbrio entre o volume hídrico no espaço extracelular e no sangue, cuja quantidade em circulação aumenta. Com mais sangue no interior dos vasos, a pressão que ele faz para contornar o sistema circulatório fica maior, já que naturalmente as artérias oferecem alguma resistência à sua passagem – é como se o fluxo de uma torneira fosse aberto e a água passasse a avançar violentamente pelo interior de uma mangueira. Se isso ocorre de forma crônica, está estabelecida a hipertensão arterial.   Prevenção pede menos sal no prato e nas prateleiras   Por ser uma doença silenciosa, que costuma causar sintomas só quando o organismo já está bastante exposto aos efeitos de níveis pressóricos elevados, pode demorar até que uma pessoa saiba ser hipertensa, principalmente se não vai ao médico de forma periódica. Desse modo, a redução do consumo de sal para níveis aceitáveis é uma medida acessível e eficaz para prevenir o aumento da pressão arterial – muito embora a hipertensão tenha também outras causas. Entretanto, não dá para cortar o sal de vez porque o cloreto de sódio tem funções importantes no corpo, visto que atua no equilíbrio da água, participa das contrações dos músculos e fornece energia. Assim, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a necessidade diária de sódio é de 2.000 mg, equivalentes a 5 g de sal. Os brasileiros, porém, consomem mais que o dobro desse limite, por volta de 12 g, segundo o Ministério da Saúde. E, na maioria das vezes, fazemos isso por hábito, veja só. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelaram que a indústria responde por 23,8% do sódio consumido em território nacional, enquanto o restante, 76,2%, é adicionado no fim da preparação dos alimentos como tempero. Faça a sua parte para controlar a ingestão de sal e não deixe de ir ao médico periodicamente para avaliar sua pressão arterial.   Dicas para reduzir o consumo de sódio   - Retire o saleiro da mesa. - Cozinhe sem nenhum sal e depois acrescente apenas a quantidade recomendada, especialmente se for hipertenso. - Abuse de ervas e temperos naturais – alho, cebola, orégano, salsinha, manjericão, limão e gengibre, entre outros –, usando-os no lugar do sal. - Dê preferência ao consumo de alimentos frescos, como carnes, frutas e vegetais. - Fora de casa, prefira estabelecimentos que servem comida pouco temperada e restaurantes por quilo, que oferecem mais opções de alimentos frescos. - Antes de comprar industrializados, leia o rótulo e leve apenas os que tiverem baixo teor de sódio. - Evite alimentos ultraprocessados, como linguiça e bacon, além de molhos prontos, como maionese, shoyo, catchup e mostarda.   Outras causas da hipertensão arterial Além do consumo de sal em excesso, outros fatores contribuem para uma pessoa se tornar hipertensa:- História familiar da doença (o único não modificável)- Bebidas alcoólicas- Cigarro- Obesidade- Estresse- Níveis altos de colesterol- Falta de atividade física

15/04/2019
Criança

Criança e cachorro: benefícios da convivência com o pet

Qual seria o melhor presente para uma criança? Algo capaz de deixá-la entretida por dias a fio, proporcionar-lhe lições de afeto inesquecíveis, fazê-la se movimentar, desenvolver seu senso de responsabilidade... E que tenha também um impacto positivo sobre sua saúde. Definitivamente não é um joguinho novo nem um smartphone, tampouco uma boneca que interage. Mas o que pensar de um presente que sente fome, sede e sono, que é fiel a toda prova e, ainda por cima, adora uma bagunça? Segundo os especialistas em comportamento, o contato das crianças com animais de estimação – não só com os cães, vale sublinhar – contribui muito para seu desenvolvimento social, uma vez que permite que elas aprendam a expressar a afetividade e a lidar com regras de convívio. Mesmo as menores rapidamente percebem que não devem interferir quando o pet está comendo e que têm de respeitar o tempo do bicho quando ele está esgotado, precisa descansar e não quer mais brincar. Existem também diversas evidências do benefício dessa convivência para a saúde física das crianças. Embora haja associação entre animais e alergias na infância, pesquisas comprovam que, se o pequeno desde cedo for exposto a um bicho de estimação, terá menos chance de desenvolver não somente reações alérgicas a pelos, como também a pólen, poeira e outros alérgenos inaláveis. Um estudo americano recente, publicado num importante jornal de Pediatria, o JAMA Pediatrics, observou uma queda de 13% no desenvolvimento de asma em crianças que conviveram com cachorros no primeiro ano de vida. A presença do animal na casa também melhora a imunidade do organismo infantil, diminuindo a incidência de resfriados, assim como de dores de cabeça e problemas gástricos, de acordo com os especialistas. Os estudos disponíveis mostram que o contato com o pet faz aumentar os níveis de imunoglobulina A, um anticorpo presente nas mucosas que evita a proliferação de vírus e bactérias. Outros trabalhos científicos constataram que crianças doentes se recuperam mais rápido quando têm contato com um cãozinho, gatinho ou afim. Não por acaso, atualmente várias equipes de voluntários em todo o mundo visitam hospitais pediátricos acompanhadas de “cães-terapeutas”, com ótimos resultados. Cachorro em casa: as responsabilidades Tudo parece fazer muito sentido, mas, pensando igualmente no bem-estar do bicho, algumas ponderações de ordem prática devem ser feitas. O animal vive por volta de 13 a 18 anos e, durante esse período, demanda muita atenção dos donos. Precisa tomar banho periodicamente, ser vermifugado e vacinado – para a própria segurança das crianças –, ter comida e água fresca à disposição, passear com regularidade e ficar num local seguro quando a família viaja. Para que a criança cresça feliz com esse companheiro, os pais devem se perguntar, antes de tudo, se conseguem dar conta de tais cuidados. Por mais que estejam dispostos a dividir algumas responsabilidades com os filhos – como trocar a água, dar comida, escovar os pelos, etc. –, são os adultos que ficam com grande parte das atribuições nas mãos. Pense sobre essas questões práticas e converse com o pediatra a esse respeito.  

28/03/2019
Alimentação

Meu Filho Não Quer Comer. O Que Faço?

Se as sociedades médicas, por um lado, estão preocupadas com as taxas crescentes de obesidade, por outro, muitos pediatras são confrontados com um relato comum nas consultas de acompanhamento: “Meu filho não come, doutor, não come nada”. A hora da refeição, que deveria ser um momento feliz e prazeroso para a família, vira um campo de batalha. Mas essa queixa não deveria tirar (tanto) o sono dos pais – em especial da mãe, que tem uma necessidade intrínseca de alimentar a criança porque o fez desde o nascimento do bebê, por meio da amamentação. Isso porque, de acordo com os especialistas, a demanda de energia dos pequenos realmente muda conforme o tempo passa. No primeiro ano de vida, o bebê come bastante porque se desenvolve muito rapidamente. Aos 5 meses de idade, o peso, em geral, é o dobro daquele registrado ao nascimento e, entre 11 e 12 meses, o triplo. No segundo ano de vida, o crescimento continua acelerado, mas vai perdendo velocidade até alcançar um ritmo mais lento, dos 3 aos 10 anos. O apetite, portanto, acompanha essa necessidade do organismo. Alimentação para crianças: qualidade vs. quantidade Assim, se seu filho não come nada – os pediatras dizem que alguma coisa sempre comem, sejam as mamadeiras, sejam os petiscos – e continua crescendo de forma adequada, esse comportamento não deve preocupar, relaxe. Continue insistindo naturalmente, levando em conta que aos pais cabe determinar a qualidade, ou seja, o que os pequenos vão comer e quando, mas a quantidade, quem decide, é a criança. Quando cresce, faz birra, protesta e fica agitada se for obrigada a comer. Evidentemente, uns dias serão melhores, outros piores, conforme o cardápio e o paladar da criança. Não adianta cair na tentação de fazer rotineiramente só o que eles aceitam porque essa tática, além de cansativa, cria uma fobia por tudo quanto seja novo e ainda reduz a qualidade da dieta. Ora, uma alimentação pouco variada pode ocasionar deficiência de nutrientes necessários. Dessa forma, as principais refeições devem ser compostas por comidinhas que contenham todos os grupos de alimentos, ou seja, carboidratos, leguminosas, proteínas, folhas, raízes e frutas – que, vale assinalar, permitem uma ampla variação de cardápio ao longo da semana. Se os pequenos comerem apenas uma colherada de cada preparação, pode acreditar, o dia estará ganho. Veja aqui outras dicas e, na dúvida sobre a origem da falta de apetite da criança, converse com o pediatra.   Alimentação dos pequenos: como construir uma boa relação com a comida - A partir dos 6 meses, coloque a criança para fazer as principais (ou possíveis) refeições com os demais membros da família. O ideal é que os intervalos entre uma e outra sejam de três a quatro horas. - Adapte o assento dos pequenos à mesa de jantar, de forma que fiquem limitados a esse espaço – pode ser o cadeirão, se ainda for bebê. - Desligue os eletrônicos de modo geral. Uma sopa de feijão não consegue competir com um personagem que responde a estímulos no tablet. - Ofereça à criança a mesma preparação que a família está comendo e deixe-a por conta própria. - Experimente dispor pedaços da comida ao alcance do bebê – se ele põe tudo na boca, por que não vai fazê-lo com os alimentos? - Para os que já comem com talheres, sirva porções pequenas, do tamanho do punho da criança. - Insista na oferta de novos alimentos. Os especialistas recomendam apresentar as novidades repetidamente à criança, de 10 a 15 vezes, antes de desistir. - Não prolongue a refeição por mais de meia hora e aguente firme a bagunça. Será por uma ótima causa.     A Organização Mundial de Saúde recomenda a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade.

14/03/2019
Criança

Atividade Física Para Crianças: Importância E Benefícios

Em qualquer nível social, as telas vêm dominando a preferência da garotada. No pátio da escola, dentro de casa, na rua, no parque, no transporte coletivo ou no carro, crianças e adolescentes estão permanentemente com os olhos abaixados e os dedos ocupados em celulares, tablets e joguinhos de toda sorte. Os especialistas alertam que, além de favorecer o sedentarismo, um fator de risco para diversas doenças na vida adulta, esse comportamento compromete o convívio social, levando ao isolamento. Preocupada com esse cenário, já que 7,3% das crianças brasileiras com menos de 5 anos estão acima do peso, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou, em 2017, um manual de orientação para promover a atividade física na infância e na adolescência e para ajudar médicos e educadores, incluindo pais, a encaminhar os pequeninos e jovens para a prática diária de exercícios físicos. Atividades físicas de acordo com a idade da criança Segundo o documento, até os 2 anos de idade, as crianças precisam ser estimuladas a se movimentar diversas vezes ao dia, engatinhando, buscando objetos e movendo membros do corpo. Eletrônicos – incluindo TV – são contraindicados para essa faixa etária. De 3 a 5 anos, as brincadeiras e atividades de qualquer intensidade devem ocupar pelo menos 180 minutos diários, incluindo bicicleta, esconde-esconde, pega-pega, bola, etc. Nessa fase, opções como lutas, danças e natação já podem começar a ser introduzidas. Dos 6 aos 19 anos, por fim, a recomendação é de uma hora por dia de prática de esportes e exercícios mais intensos, que demandem um pouco mais da capacidade cardiorrespiratória – dependendo da modalidade, vale questionar o pediatra sobre a necessidade de avaliação médica prévia. Adolescentes têm sinal verde para fazer musculação até três vezes por semana, desde que com o acompanhamento de um educador físico. Claro que nem sempre os pais têm tempo e mesmo recursos financeiros para ajudar os filhos a cumprir essas metas. Muitas vezes, as próprias demandas escolares lotam a agenda dos pequenos e dos adolescentes. Contudo, diante do fácil acesso aos eletrônicos, geralmente o grande empecilho é mesmo conseguir a adesão da criança ou do jovem quando eles finalmente estão livres. Para mudar essa rotina, confira as dicas a seguir e aproveite a próxima consulta com o pediatra para conversar a respeito. Dicas para tirar a garotada do sofá - Estabeleça um limite máximo de duas horas por dia de exposição às telas, incluindo televisão, e mude a maneira como seus filhos as utilizam, substituindo uma pela outra. É nesse meio-tempo que devem entrar outras atividades. - Aproveite as vantagens dos eletrônicos. Use com as crianças aplicativos que incentivam o progresso em determinados exercícios – como o contador de passos do celular – e games baseados em movimentos, como os de esportes e dança. - Abra espaço para brincadeiras dentro de casa. Reserve alguns dias – especialmente os chuvosos – para transformar a sala num circuito, com túneis de caixas de papelão, pula-pula nas almofadas, colchões para cambalhotas e por aí afora. Tudo com supervisão, evidentemente. Se puder incluir os amiguinhos, fica melhor ainda. Depois, ponha todo mundo para organizar a bagunça que isso também consome energia. - A propósito, distribua tarefas domésticas em casa. Colaborar na rotina do lar é importante para desenvolver o senso de responsabilidade dos pequenos e ajudar na construção de sua autonomia. De quebra, ainda faz a criança se movimentar pela casa. - Exemplo funciona mais que mil palavras. Se você se exercita regularmente, mostre às crianças que não há tempo feio que iniba você de malhar. Dessa forma, desde cedo vão perceber que a atividade física ocupa um lugar prioritário na rotina da família e aderir naturalmente a uma vida ativa. - Sempre que possível, deixe o carro na garagem e faça os percursos a pé com as crianças e os jovens. Estudantes que vão e voltam da escola caminhando já cumprem boa parte da meta de atividade semanal preconizada pelos especialistas.

13/02/2019
Bem-estar

Aproveite a folia sem descuidar da saúde

Se, por um lado, o carnaval é uma das festas mais alegres do mundo, por outro, a aglomeração de pessoas, o calor intenso do verão, as chuvas torrenciais e os excessos de toda a sorte acabam predispondo as pessoas a adoecerem durante e, especialmente, após esse período. Pensando no seu bem-estar, a DaVita selecionou algumas dicas para você começar e terminar a folia com saúde e alto-astral. Água e companhiaQualquer que seja seu destino, praia, campo ou blocos na cidade, hidrate-se de forma abundante a qualquer hora do dia. Para quem não abre mão das bebidas alcoólicas, é imperativo intercalar os drinques com água ou bebidas hidratantes, como água de coco e isotônicos. Como se não bastasse o calor intenso de fevereiro, o álcool também desidrata rapidamente o organismo. Uma boa opção para complementar a hidratação é consumir frutas como melancia, laranja, melão e abacaxi, ricas em água, optar por sorvetes de frutas ou, ainda, fazer sucos que combinem vegetais e frutas, ótimos para repor sais minerais. AlimentosNão saia sem se alimentar de verdade, especialmente se for enfrentar uma maratona de blocos e desfiles. O cardápio pré-folia, segundo especialistas, deve conter carboidrato na versão integral, que sacia e confere energia por mais tempo, combinado com uma proteína e vegetais. Um macarrão integral ao sugo, acompanhado de frango grelhado e salada, agrada ao paladar e dá conta do recado. Frituras e alimentos gordurosos, de difícil digestão, são más escolhas. Leve ainda uma fruta ou barrinha de cereais para comer durante a festa. Sanduíche, só se for com recheios que não se deterioram facilmente, como atum ou sardinha em conserva. Procure não comer alimentos preparados por ambulantes, que podem estar contaminados por causa das más condições de higiene e mesmo do calor. SolAinda que esteja longe da praia, não vá para a folia durante o dia sem protetor solar – FPS 30, no mínimo, para peles claras, e FPS 15, no mínimo, para peles escuras. Use também acessórios como chapéu ou boné e óculos de sol, bem como roupas leves. Um único dia de exagero pode minar o restante da festa. Evite ainda a exposição solar nos horários de maior incidência dos raios ultravioletas, ou seja, das 10 às 16 horas. Doenças causadas por mosquitosContra a febre amarela, é possível e recomendado vacinar-se dez dias antes da viagem – hoje, apenas alguns Estados do Nordeste não são considerados áreas endêmicas da doença. Portanto, a maioria dos destinos no Brasil requer esse cuidado. Existe uma vacina que previne a dengue, mas tem indicação limitada e está sujeita à prescrição médica. Vale conversar com seu médico com antecedência. Na prática, as estratégias contra a dengue, a febre chikungunya e a infecção pelo vírus zika, as três causadas pelo Aedes aegypti, infelizmente ainda se restringem à aplicação de um repelente potente nas áreas expostas do corpo e à utilização de telas nas janelas. Sexo É imprescindível usar métodos de barreira física em todas as relações sexuais para prevenir infecções sexualmente transmissíveis, como gonorreia, sífilis e HIV/aids, entre outras. Nesse período, o Ministério da Saúde sempre aumenta a distribuição de preservativos femininos e masculinos não só nos postos de saúde, como também em locais de grande afluxo de pessoas. Mas isso não basta. De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, o álcool e outras substâncias que prejudicam a capacidade de julgamento também configuram fator de risco para a aquisição de doenças como HIV/aids. Leve em conta mais esse aspecto para moderar o consumo de bebidas alcoólicas e ficar longe de drogas ilícitas. Viagem Quem vai pegar estrada deve fazer uma revisão no automóvel e nos pneus antes de partir, além de planejar a viagem, com paciência e sem pressa de chegar. É imprescindível se programar para dirigir sem sono ou cansaço em demasia e respeitar as placas de sinalização e a velocidade permitida, bem como manter distância do veículo da frente. Convém ainda lembrar que álcool e volante não combinam, tampouco olhar o celular no trânsito. Se houver alguma urgência para resolver por telefone ou por mensagem, vá para o acostamento. Para quem tem, como destino, locais muito afastados ou exóticos, é interessante levar uma farmacinha para situações mais comuns, como picadas de insetos, alergias, ferimentos leves, diarreias e resfriados. Peça orientações para seu médico.